Sinalizando avanços importantes
A esquerda mundial, diante de diversos processos de participação já experimentados no globo, aprendeu muito com as experiências petistas de Porto Alegre. De uma conjuntura política autoritarista no período da Ditadura Militar no Brasil, Porto Alegre nasce como um foco de práxis transformadora na medida em que materializou o que seria o pontapé inicial para uma democracia participativa. Mostrou ao resto do mundo que é possível elevar a qualidade política através da participação popular. Obviamente, que, como qualquer outro processo, aparecem contradições, avanços, retrocessos, e diversificadas situações que talvez não estivessem previstas na sua constituição enquanto política pública. No saldo final, ensinou ao mundo que é possível trabalhar educação com política e alertar para a necessidade de um Estado transparente que envolva a capacidade crítica e associativa de seus cidadãos. O que estava por trás do Orçamento Participativo na experiência petista, nada mais era do que uma intencionalidade ideológica de envolver pessoas e tornar o que é público, público de fato. Desmontar estas experiências na lógica da ideologia hegemônica dominante, apresentou-se de certo ponto, de modo fácil. A perda substancial da importância do OP em Porto Alegre, e talvez em demais localidades, ao eleger projetos de direita, ou de “centro-direita”, mostrou mais uma vez a importância da conquista do Estado, não apenas nas suas instâncias de participação, mas como eixo político fundamental através do processo eleitoral. Alternativas para mudar questões como consciência de classe ou processos contra-hegemônicos, estão nos movimentos sociais e na disputa partidária pelo Estado. Embora seja forte a crítica a respeito da conquista deste atual Estado burguês, abrir mão dele neste período histórico simboliza retrocesso nas lutas orientadas até aqui. Não enxergo hoje, uma alternativa ao combate das estruturas do Estado burguês, sem ser através dele próprio. A não ser, é claro, que se rompa com a lógica de forma radical, experiências tais, que a história mundial nos mostrou sua potencialidade para não dar muito certo no final. O processo democrático em que a experiência de Porto Alegre atenta, significa repensar metodologias, ressignificar o período histórico, e mais uma vez reforçar que não somos todos iguais de fato. A esquerda e a direita não se confundem, e, portanto, discursar em torno de um movimento em que “todo mundo se misturou”, demonstra, no mínimo, incapacidade dialética de perceber o momento em que estamos vivendo. Muito embora existam ramos da esquerda que de fato nos confundem. Em torno destas colocações, trabalhar um momento participativo de orçamento público junto à estrutura do governo federal, tem hoje campo e momento histórico ideal para entrar em ação. Aguardaremos sinais de seu planejamento e execução.
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