domingo, 17 de janeiro de 2010

Mais do mesmo ... do mesmo discurso...


Estava vendo há pouco um documentário sobre a Bolívia, e óh... "BAH"! Como diz o Kraunus, maestro do Tangos e Tragédias... isso aqui não é a Sbórnia mas BAH!

Tem coisas que ao longo da vida vão se modificando, outras se transformando, outras a gente mantém como era do princípio, e assim os processos de descoberta e de contradição vão se dando...

Mas tem uma coisa que quanto mais o tempo passa, mais se consolida. É a ditacuja LUTA DE CLASSES. Puxa vida, que coisa mais "tão tão" parecida em qualquer lugar que se vá. Especialmente aqui na América Latina, que coisa forte é o discurso da classe dominante e o discurso da classe historicamente oprimida. E que coisa mais deprimente que é a classe oprimida que internaliza o discurso dominante e se acha o verdadeiro burguês...

Não precisa fazer profundas análises, vou me pegar em apenas um aspecto: o documentário mostrou o discurso de pessoas contra Evo e a favor de Evo. Poderia entrar em mil comparações, mas a estética foi a mais gritante. Os a favor entrevistados eram índios e os a contra eram bolivianos brancos. Óbvio que esta comparação aos poucos vai se espraiando na miscigenação ao longo da história, mas por hora, foi simbólico demais. Teve até um cara que disse que esse negócio de ficar puxando na história o sofrimento que os povos pré-colombianos tiveram com os espanhóis, era coisa do passado. Tava na hora de todos se juntarem, pois espanhóis e índios, são todos iguais... ehehehe... todos iguais uma baita duma ova, tava lá ele, discursando contra o Evo e ignorando a história do país. Nessas horas "somos todos iguais"... boa essa.

O mesmo vivi na Venezuela. O povo nas ruas num pronunciamento público de Chavez a favor do Sí pela reforma constitucional eram misturados, eram negros, eram índios, eram brancos, eram tudo. A meia dúzia de gato pingado nas estações do metrô com cartazes pelo No e escritos comparando Chavez à um grande ditador que reprime a "liberdade de imprensa", eram meninas loiras de chapinha e meninos universitários bem vestidos.

Não se trata aqui de fazer generalizações infantis nem tampouco por estereótipos, mas existe um simbolismo por trás de tudo isso.

Espero ainda estar viva para ver uma misturança tal, que na entrevista entre contra e a favor os projetos socialistas, não fique assim tão evidente pelo visual, do que estamos falando quando relacionamos luta de classes historicamente construídas e tão fortemente consolidadas.

O triste é que tem uma galera que é da classe trabalhadora e discursa a favor do capital.

Tá cheio de gente ralada nesse mundão dando inchaço no discurso capitalista.

Só aqui no meu bairro, nem se fala... um monte de gente que se rala trabalhando, é explorado, usado, abusado, e ainda assim defende seu algoz...

Mas não digo isso com pessimismo, pelo contrário, só mostra que temos inesgotáveis lutas e diálogos para travar.

Para encerrar, digo que o documentário me emocionou por ver um número cada vez maior de gente do lado "oprimido" da força... isso dá injeção de ânimo.

E por outro lado, me convenço cada vez mais, e posso estar redondamente enganada, mas me convenço cada vez mais que não se deve perder tempo travando debates com quem incorpora o discurso da direita com unhas e dentes, e é explorado até não poder mais. Essa classe média que acha que é burguês, e forma opiniões por aí afora, só atrapalha a luta e não enxerga que é só mais uma peça da engrenagem.

O poder que vai emergir de verdade, vem do povo, e não do povo que não se considera povo...

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