quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Questão de totalidade

As conversas cotidianas com quem se preocupa com a totalidade da vida sempre produzem efeitos. E esses efeitos não ficam parados, vão se alastrando rumo a buscas cada vez mais complexas... e muitas vezes as buscas mais complexas se transformam na capacidade de reinventar o simples. Como temos falado em totalidade nos últimos tempos! Na aula, no cotidiano, na vida, na produção da realidade concreta da vida. Impressionante como as coisas tem se encaixado. Não de uma forma cartesiana, mas de forma envolventemente dialética. Me pego lembrando das conversas com a minha mãe, com a Sônia, a Paola, a Katiane e também das palavras da professora Carmem sobre totalidade do ser humano, e a sensação que me dá é a de que portas e janelas se abrem cada vez mais. E com cada vez mais intensidade, força, vigor. Pode parecer bobagem, mas quando se entende bem que a vida é um conjunto de relações concretas, particulares, singulares e também gerais, muita coisa passa a fazer sentido e as ressignificamos. Ainda que algumas coisas sempre estivessem ali. Ainda que muita coisa não seja novidade, parece que reinventar a vida e o cotidiano é uma tarefa possível e precisa de muita reflexão/ação para fazer disso um bem viver leve e qualificado. Não um mar de rosas, mas uma gama de possibilidades positivas que muitas vezes podem sair de dentro dos próprios problemas. Somos uma coisa só. Um corpo só, nada de separar alma de corpo, nada de cuidar só de um e não de outro, nada de separar ossos de carne, nada de separar o médico do monstro. O trabalho, a família, a vida cotidiana, o lazer, o esporte, a reflexão sobre a vida, a cultura, a solidariedade ao mundo que se degrada, o amor, a paixão, o envelhecimento, o ouvir uma música, a transformação, a militância (de quem milita a favor de algo), as amizades, a sexualidade, a leitura, a alimentação, tudo isso faz parte de um todo só. Sempre tem alguma dessas coisas que não anda bem, e para isso é preciso ressignificar seu "todo". Porque problemas, stress, baixo astral, decepção, isso sempre vai existir. Mas e a totalidade, como reinventamos a nós mesmos para harmonizar todas essas coisas o melhor possível? Eu diria que a vida não é um simples viver. A vida também é questão de método. Resta conseguirmos nos dar conta dos processos que vivemos, das relações que estabelecemos, das nossas formas, de nossos conteúdos, e tentar viver o máximo que a vida puder naquele momento e naquele lugar.

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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Quem cuida da cuidadora? Quem cuida do cuidador?





Estava tudo indo normalmente até que recebo uma mensagem no celular bem no meio da aula. Era minha mãe. Só dizia assim: “Hj 30 anos da morte da minha mae” – só assim, não tinha ponto, não tinha til, não tinha nada. Foi o suficiente para eu levantar da cadeira no meio da minha aula de terça-feira com a Professora Carmen Machado, e ir até o banheiro. Não sei explicar o que senti, só sei que as lágrimas começaram a rolar desgovernadamente e eu me peguei pensando por quê chorava. Por que chorava se não conheci minha avó? Por que chorava se todos que conviviam com ela já haviam se acostumado trinta anos sem ela? Por que chorava se a morte, cedo ou tarde aparece principalmente nas gerações que vêm primeiro?

E um filme passou na minha cabeça enquanto arrumava o rosto no banheiro.
Minha avó Stella tem o mesmo nome da minha filha. Eu nunca a conheci, aliás, ela me viu uma vez, quando eu não tinha sequer um mês de vida e minha mãe me enfiou dentro de uma mala e burlou a passagem no hospital para poder mostrar a filha recém nascida à sua mãe que morria de câncer em Florianópolis. Foi a única vez que tive contato com ela. Com o passar dos anos e da convivência com a família e as histórias que ouvia, sempre me senti próxima a ela, mesmo sem nunca ter a visto. Via as fotos dela nas coisas da minha mãe e da minha tia avó, e achava ela bonita. Achava ela exótica. Uma mulher que parecia chamar muito a atenção por onde passava. A mãe me contava que ela só tirava fotos se estivesse bem bonita e bem arrumada, senão não deixava ninguém fotografar. Foi mãe de quatro filhos, três meninos e uma menina. Teve uma infância em orfanato e seu grande alicerce para viver foi sua irmã, onde uma cuidava da outra. Casou com meu avô e com 44 anos morreu de câncer.
Um câncer destruidor que não deu muito tempo de vida e nem de preparo para a morte. Minha mãe tinha só 24 anos e com uma baita barriga de gravidez soube que a mãe estava morrendo.
Só eu sei o que o número 44 significava para mim. Quando eu era criança o meu maior pesadelo, o impensável, o que eu não permitia nem cogitar, era a chegada da minha mãe aos 44. Parecia que cada ano que a minha mãe passava além dos 44, era um ano ganho, tamanho era o meu medo de que ela morresse de câncer ou de qualquer outra coisa. Uma vez sonhei que a minha mãe havia morrido, acho que eu tinha uns 12 anos. Passei uma semana inteira mal. Tinha raiva daquele pensamento. O meu maior medo sempre foi perder minha mãe. E comecei a entender por que alguém que eu não conhecia fazia tanta parte da minha vida. Eu via as fotos dela pela casa da Tia Lygia e sentia como se eu a conhecesse intimamente. Eu passava horas e horas a fio só imaginando como seria ter conhecido ela. Ter convivido com ela. Quando eu era criança, chorava baixinho de saudade dela. E eu nem a conheci!
Foi vendo na minha mãe, toda a amorosidade e afeto que ela carrega nela, que entendi como se perpetua uma saudade de alguém que nunca se conheceu. Nas coisas que a minha mãe faz, nas coisas que ela é, tem um pouquinho de pai e mãe, tem muito de história e tem um processo incessante de aprendizagem que a gente leva para a vida toda e passa adiante.
Eu não sei, mas tem coisas na cozinha que eu aprendi com a minha avó. E não foi ela que me ensinou. Foi minha mãe. Tem coisas no meu jeito de ser que eu aprendi com a minha avó. E não foi ela que me mostrou. Tem coisas no meu temperamento que dizem respeito a ela. Tem formas de agir e de reagir, que aprendi com ela, mesmo sem ela saber, mesmo sem eu saber.
O que mais forte me bate nisso tudo, é ver a minha mãe, aquela que me cuidou, sem o seu alguém que a cuidasse. Porque pai e mãe cuidam. Mas na nossa sociedade, ainda quem cuida por definitivo em grande parte é a mãe. E eu passei uma vida inteira vendo a pessoa que eu mais amava sem a sua cuidadora. Para a cabeça de uma criança é muito triste. E a criança cresceu, a mãe cresceu, e ainda sinto o quanto ela precisa da sua cuidadora. O quanto uma pessoa de 54 anos precisa de cuidado. Não qualquer cuidado, mas o cuidado especial. Eu sei que não tenho sido uma boa cuidadora para ela, mas sempre quis ser, porque sempre achei muita crueldade ela ter enfrentado toda uma vida sem a sua cuidadora. Com dois filhos, um casamento nada fácil, uma profissão que exige dedicação e uma vida militante ativa. E pensando isso, me pego pensando que não tem idade para querer ser cuidado. Não tem idade para sentir saudade da mãe, não tem idade para ter inseguranças, não tem idade para ter medo do escuro, do trovão, da chuva forte.
Ela vive falando sobre o cuidado. Eu no meu egoísmo, muitas vezes não cuido. E ela não sabe, mas cada vez que descuido, se apaga uma luz dentro do peito e ele fica sombrio e apertado. Sem a minha cuidadora, eu não sei como seria minha vida. E me entristeço de pensar que um dia eu e ela não estaremos mais juntas, mas ao mesmo tempo me dá vontade de cuidar dela até o último minuto.
E pensando nisso, foi que eu entendi porque meu dia se entristeceu quando me dei conta que meus trinta anos de vida também representam trinta anos de saudade. E podem se passar os anos que forem, nada se perderá, tudo se transformará. E cada geração só faz sentido porque carrega algo da geração que a antecedeu e assim por diante. E esse sentido não precisa ser exatamente um filho e nem ser de sangue, mas sim, de história.
Algumas teorias sobre o ser humano defendem que os mamíferos se caracterizam principalmente por necessitar de outro mamífero para o seu cuidado. E que os seres humanos se diferenciam dos outros mamíferos pois sem afeto não vivem. Sem afeto morrem.
E eu me pergunto, principalmente lembrando das pessoas que gostam de ser cuidadosas com todo mundo: quem cuida do cuidador? Esse vídeo eu fiz para ela no aniversário de 2012.  



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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Planeta da desconfiança alheia!!!

Tem uma coisa ruim aqui dentro do coração. Eu sei mais ou menos o que é, mas não sei o que fazer. O mundo conspira contra quem não vê maldade (tanta maldade) nas pessoas. Diariamente somos instigados a desconfiar uns dos outros. Até na escola ensinam a não confiar em “falsos amigos”. Mas para quê esse cultivo da desconfiança? Para quê o cultivo do eterno “tem alguém querendo te ferrar, se cuide!!!!” Para quê serve isso? Para criar um exército de desconfiados imobilizados pelas suas incertezas? Eu já fui enganada várias vezes por várias pessoas em várias situações diferentes. Não morri. Faria tudo de novo. Não como uma tonta, mas como alguém com boas intenções. E fui enganada porque sou inocente, ou porque até mesmo a raposa mais astuta também é enganada caso alguém queira a enganar? Querendo, a gente engana até a mãe do Badanha. E sigo achando que quem engana por algum tipo de “maldade intencional”, ou por querer simplesmente se aproveitar de alguém ou tirar vantagem, que faça! Alguém pode evitar? E que se resolva com seu travesseiro. Problema é de quem faz. Jamais pensei que um dia usaria esse lema. Mas definitivamente, problema é de quem faz. Inocência minha? Bem capaz! Escolha! Posicionamento ideológico. É por vontade mesmo. Ou quem sabe até por lógica. Se por lógica, eu acredito em todos os seres humanos, e que todos merecem viver dignamente, e que até o assassino mais voraz não deixa de ser um ser humano cheio de particularidades, singularidades, sentimentos e história, por quê pessoas com curriculum nem tão grave assim não mereceriam seu direito ao contraditório??? Depois que a gente aprende Paulo Freire e entende que onde há vida, há esperança de viver mais, seja o morador da rua, seja o drogado, a gente passa a entender que mesmo cheios de más intenções em dado momento, os seres humanos seguem tendo outro lado que pode ser potencialmente composto de amor. Tenho prestado muita atenção em como se comportam as pessoas e o que dizem. Sinceramente, o facebook é uma boa amostragem. O que se compartilha de mensagens de desconfiança, de descrédito, de indiretas para algum ser humano maléfico que lhes fez algum mal, é algo de outro planeta! É uma cultura diária que naturaliza que devemos todos os dias, como um mantra, desconfiar de todo mundo! Umas indignadas porque roubaram o namorado de outra, outros brabos porque alguém não lhe merece, outros porque os fizeram chorar, outros porque bla bla bla bla de amizades falsas, outros porque isso, outros porque aquilo! Não significa que as pessoas não tenham o que reclamar do ser humano. Muito pelo contrário. Que reclamem até a morte! Mas cultuar a desconfiança cotidianamente é mais do que isso. É alimentar um sistema de concorrência onde se mede o valor das pessoas como se elas fossem mercadoria. E isso diz respeito ao modo de operar de um sistema muito maior que simples problemas de relacionamento. Isso diz respeito ao condicionamento da raça humana através do incentivo de que seres humanos não aprendam nunca a solidarizar-se com outros. Já pensou se as pessoas passarem a acreditar umas nas outras e tornarem-se assim seres solidários capazes de se colocarem no lugar dos outros e resolverem se unir? Que tragédia seria o mundo! Vamos cultivar a desconfiança e tirar para idiota quem acredita nas pessoas!

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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Definitivamente, apaixonada!

Hoje, mesmo depois de altos e baixos, de "oitos e oitentas", de todos os problemas ou contradições que a vida carrega, me vi completamente apaixonada! Apaixonada pela vida! Não vi passarinho verde nenhum, mas consigo ver os pássaros. Quando era criança prestava atenção em tudo e pensava sobre tudo. Mesmo meio tímida, acho que eu era uma criança atenta às pequenas coisas da vida. Na adolescência ainda conseguia ser assim, e parece que na idade adulta me endureci, criei casca e alguma coisa daquela criança se perdeu. Tenho a sensação que estou conseguindo ver de novo toda a cor e a vida que tinha quando era criança. Eu voltei a perceber cada detalhe de forma intensa, e o que é melhor, o detalhe passou a ser o mais importante, o detalhe passou a ser o essencial. Hoje tive uma aula na beira do Guaíba. Minha nossa! Como contemplei aquele momento! Que coisa boa! Tenho caminhado muito, seja quando estou angustiada, seja quando estou bem. E sempre que “andarilho” passam mil coisas na cabeça. Mas o que mais me acontece é ficar percebendo como são as pessoas que passam por mim. O que elas conversam, como agem, e até a forma como olham para o mundo. E vendo elas, acho que me vejo também. Vejo um mundo de contradição. Vejo tristeza, vejo alegria, vejo ansiedade, vejo sorrisos, vejo dor, vejo tudo. E mal sabem elas, que eu vejo. Passa todo mundo tão rápido, tão depressa, que não imaginam o quanto é bom prestar atenção na vida. Prestar atenção nas pessoas, na natureza, nas paisagens, nos animais, e em como tudo isso se relaciona num mesmo lugar, numa mesma rua. Ainda hoje, passei por duas mulheres e uma delas falava assim: “porque daí o vestido era vermelho estampado com azul...” enquanto que minutos antes havia passado por dois homens e um deles disse: “porque a fulana, a fulana é um tesão!” Que mundo diverso! Quanta coisa para aprender! Quanta coisa para mudar! E tem como mudar alguma coisa sem um sentimento mínimo de paixão? Não tem. O que mais tem me apaixonado pela vida é cada vez que sei algo novo, cada vez que descubro mais sobre o mundo, sobre o conhecimento, sobre teorias e sobre práticas, concluo que tenho cada vez mais para saber. E esse sentimento de incompletude é o que me move, me alimenta, me dá vida. Já disse em outro texto, morrer é o maior desperdício! Se eu chego a morrer agora fico com dó só de pensar tudo que ainda gostaria de aprender, de dividir, de sentir e de viver. De vez em quando gosto de comprar flores no Mercado Público. Há uns meses venho fazendo isso, pela simples alegria que me dá olhar para aquelas flores. Fico pensando que se fosse para comprar uma roupa ou um sapato eu não ficaria alegre, ficaria angustiada pelo sentimento de culpa de gastar dinheiro com isso. Mesmo sendo necessário vestir-se e calçar-se. Mas não me causa o mesmo efeito as flores que compro no Mercado. Elas são demais. Compro meus galhinhos e coloco do lado da cama. Tem coisa mais boba? E o que elas me causam quando as vejo no meu quarto, é indescritível. Não sinto isso olhando para um sapato. Quanto mais descubro sobre a vida, muito mais me afasto de pessoas que têm verdades prontas, que demonstram não ter mais nada a aprender, que tratam a vida como uma coisa conclusa e não vêem a força da intensidade de “ser mais” (novamente referenciando Paulo Freire). Estar apaixonada pela vida, não significa não perceber as contradições do mundo e nem tampouco virar uma bobinha... muito pelo contrário, esse sentimento ajuda a mover, creio eu, montanhas!!! Sei que esse estado passa, mas que seja bem vivido enquanto durar! E que venham novos momentos... e a vida vai seguindo seu curso, imprevisível, mas possível de planejamento, de organização. UM BRINDE À VIDA e todas as suas formas de acontecer! E um brinde, nunca se faz sozinho, se faz rodeada de pessoas!!!!!!!!

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Renovação a quem precisa!

Hoje marquei o corpo novamente... Lá estava ela... a intensidade! Ninguém morre de intensidade, mas eu vou morrer com ela, com certeza! E agora por dentro e por fora. Estava precisando extravasar, sobrou para o corpo! Ele sempre paga o pato antes da mente... hehehe! Hoje fiz coisas simples e o dia foi tão pleno! Fui ao colégio, 6ª série, poderia ter voltado cansada, mas voltei disposta a ir caminhar. E fui. Caminhei uma hora no Parcão, a última vez que me peguei caminhando tanto tempo foi nas eleições. Já não me lembrava mais como é bom caminhar por livre e espontânea vontade! No meio da caminhada recebi uma ligação importante para mim. E durou quase meia hora, não chegou a me tirar o fôlego, mas foi longa. Acho que foi providencial. Acho que precisava ouvir sobre aquela ligação há muito tempo. Já havia desistido. Achei que não seria possível. Pensei que ficaria tudo por isso mesmo. Mas não está ficando. Está se encaminhando. Está fluindo e pegando seu rumo. Depois de tanta conturbação, tantos altos e baixos, tanta descrença no ânimo e na vontade de viver que presenciava na rotina do meu pai, finalmente ouvi o que precisava. Está feliz. Está fazendo o que sempre quis, está até caminhando pela manhã, respirando maresia de Floripa, está sem falta de ar, controlando mais aquilo que controlava ele, está animado, está disposto até a pagar suas contas... Por enquanto ainda estou na expectativa de que isso seja contínuo! Espero que seja! Sinto como se uns sessenta quilos tivessem saído da minhas costas. Porque mesmo do jeito que a vida vinha acontecendo, um pouco distantes, sempre sofri vendo a destruição de longe. E acho que agora, mais longe, estarei mais perto. Renovação! Vida nova! Para todos que precisam! Eu preciso, tu precisas, ele precisa... nós precisamos!!!! Ufaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Aprendendo sempre...


Eu tenho aprendido muito nestes últimos meses. Principalmente nestes últimos dois meses. Tenho incrivelmente aprendido a olhar para dentro. Passei muito tempo olhando só para fora, só me preocupando com tudo e com todos e não olhando para mim mesma. E acho que tudo estava desmedido. Não é bom olhar só para si. Não é bom olhar só para os outros.

Nestes últimos tempos tem me chamado muito a atenção para pessoas egocêntricas. Definitivamente, eu não as curto. Elas me lembram o Renato Russo quando ele diz que "falam demais por não ter nada a dizer". E quem só discursa sem a humildade de ouvir deve rever sua relação com o ego. Em compensação o contrário também não é saudável. Quem não se preocupa muito consigo me inquieta também.

Nesse meio todo me pergunto onde eu estou? Onde me encaixo? E a cada dia me descubro um pouco mais. E eu estou gostando de me descobrir. Estou gostando de perceber que eu não sou tão forte quanto pensava que era. Ser forte significa não relaxar nunca... e eu quero relaxar! Estou descobrindo que o cubo de gelo que criei no coração tem chance de se derreter. Desacomodar do lugar onde eu me encontrava, do estado em que me encontrava, remexeu minha química. Isso está sendo bom.

Só eu sei o quanto isso me faz bem. Pensei que seria uma ogra insensível para o resto da vida...

Vida! Tenho sede! Não quero envelhecer em vão. Não quero envelhecer acomodada. Não quero envelhecer sem ternura!

É incrível, mas tenho prestado atenção em cores que não sei o nome... cores de Almodovar, cores de Frida Kahlo, cores!

"Eu ando pelo mundo, divertindo gente, chorando ao telefone"...



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domingo, 14 de outubro de 2012

E por falar em flores...

Nos últimos tempos tenho tido falta de vontade de algumas coisas... De ver TV... De saber o que aconteceu com a novela que todo mundo tanto fala no facebook... De assistir o Inter jogar... De abrir jornais... De assistir noticiários... De ler especulações e acusações diversas no facebook sobre política... De mexer no facebook dos outros, coisa que eu já fazia bem pouco por incrível que pareça... De dirigir... De forçar ser qualquer coisa que não sou em nome da simpatia... De forçar fazer qualquer coisa que não quero em nome da educação... De pensar em coisas que me deixem de baixo astral... E tenho tido muita vontade... De falar de flores... Como nunca antes.

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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Roubando relatos

A da Renata é de questões financeiras. A do Leandro é: tá, e aí? É isso? A Inajara é bicho da rua. Ela fica assim: tá, e agora? A Renata quer fazer, quer ter... Ela quer coisas. Isso é o que incomoda mais ela. A Inajara sabe que não tem porque não priorizou. A Renata poderia peitar as coisas e não peitou. Isso foi sobre a crise dos 30, em plena cozinha do Bistrô...

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domingo, 30 de setembro de 2012

Quase trinta, quase livre da Cinderela, da Branca de Neve e da Bela Adormecida!

Mesmo passando por toda uma conturbação de campanha, direto nas ruas, dormindo pouco e me alimentando mal, parece que algumas coisas acontecem num tempo necessariamente bom. Faltam mais ou menos um mês e meio para eu chegar nos trinta. Tive uma crise lá pelos 27 de que estava chegando na metade da vida. Mas foi só um princípio de angústia. Agora, realmente perto dos 30 nunca me senti tão bem em toda a existência. E não é hipocrisia, é muito sério. Nem quando tinha 18 anos e o mundo poderia ser encantado, os pássaros eram lindos, o céu era azul e o corpo era todo para cima, nem assim me senti tão bem quanto agora. Acho que esse sentir-se bem deve-se ao fato de estar atingindo os tais 30 anos com uma bagagem que meus 18 não permitia. Não sei se sentirei isso com 40, mas os 30 estão realmente especiais. E quem me trouxe luz à vida, aos sentimentos, ao corpo, aos relacionamentos pessoais, ao sentir-se bem consigo e ao mesmo tempo com os outros, foi a escola feminista que tive a honra de acompanhar há um bom tempinho nesta última década. Sem conhecer essa realidade que abarca a sexualidade da mulher perante a vida concreta, talvez até hoje me escondesse atrás de dogmas, contos, condutas, pressões e opressões diversas que fazem com que a Cinderela de cada menina nunca a deixe. Meus trinta anos estão chegando e em grande estilo: me livrei dos sapos, dos príncipes, das madrastas e de todos os passarinhos que costuram o vestido da coitadinha da moça injustiçada que fica presa com sua felicidade cerceada no alto do castelinho! Que coisa bem boa poder dizer à Branca de Neve que se ela quiser ficar com todos os anões ao invés daquele príncipe chato e sem graça, ela pode! Que coisa bem boa dar um beijo num sapo e ele continuar feio! E se quiser, aproveita e dá um beijo na sapa também! Onde está escrito que a moça deve ser a conquistada, a desejada, a almejada, e que o custo disso pode ser ela ficar a ver navios esperando que o príncipe a perceba? E que tal se ela for lá e fizer o que quiser, sem precisar se fazer de objeto de conquista? E se a Aurora descer do salto e disser na cara do príncipe: vem, eu é que não vou ficar aqui esperando alguém me acordar! Os trinta também estão rompendo com a vida em fluxograma. Essa eu vi esses dias na internet. A menina entra na adolescência. Se apaixona perdidamente por qualquer menino. Dá uma sacudida nas tranças até finalmente encontrar um namoradinho. A família inteira da menina projeta que aquele menino seja o pai dos seus filhos. Se os dois se aturarem, casam e tem filhinhos. Senão, a menina arruma outro namorado até que encontre um que ela pense: esse é para casar e ter filhinhos. Aí a menina tem filhinhos e depois passa um tempão da vida dela cuidando desses filhinhos. Se sobrar um tempinho estuda e trabalha. Depois tem netinhos, depois morre. E se a vida em fluxograma for invertida? E se a vida em fluxograma for exatamente ao contrário? E se a vida em fluxograma não for exatamente essa? E se a mulher for uma pessoa com iniciativa que não goste de ser a frágil intocável? E se? Onde está escrito que quando uma mulher dá bola para um homem, ela necessariamente quer casar, ter filhinhos, e blá blá blá? Chegar nos 30 está me fazendo perceber que a vida em fluxograma pode até ser boa. Para uns, não para todos. Não para todas. Definitivamente, eu calço 39, 40! Nunca haverá sapatinho de cristal com a minha numeração. Jamais pensei que um complexo de infância me faria feliz aos 30... O que está valendo é ser digna, se sentir bem, ser leal e não desrespeitar os limites humanos. O resto é conto de fadas para boi dormir. Cheguei nos meus trinta fazendo tudo invertido. E, finalmente, em grande estilo, estou dando ADEUS às princesas das piores histórias de terror que a idade média já inventou! Faça o que tu queres, pois é tudo da lei... da lei!

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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Desperdício...

Morrer é um desperdício. A pessoa aprende, ensina, ama, erra, chora, conhece, muda, transforma, evolui, desacomoda, começa de novo, cria, inventa, recria, estuda, sorri, se diverte, reconstrói, tenta de novo de outro jeito, descobre, solidariza, sensibiliza, briga, repensa, volta atrás, segue adiante, VIVE!

E de repente morre. Isso é muito desperdício. É muita história que se estanca. Muita sabedoria que se dilui. Muitos segredos que se perdem. Não é legal morrer. Principalmente para aqueles que têm sede de mudança, têm sede de desacomodação, têm sede de inquietações, sede de gente, de humanidades e sede de VIDA! O que me dói muitas vezes, são as pessoas que gosto e vivem a vida como se tivessem morrido. Não se desacomodam. Não protagonizam suas histórias e permitem que a história é que os empurrem à vida. Não inventam ou tampouco se reinventam! Me dói assistir anestesias sociais principalmente nos sujeitos que fazem parte da minha vida. Ainda que eu concorde com o Paulo Freire quando diz que onde existe vida há esperança, onde existe vida há o desejo de "ser mais", ainda assim, sofro ao ver os que se preocupam muito pouco com seu "ser mais". A estes, que escolheram viver sem vida, sem inquietações, sem desacomodações, dedico o meu lamento pelo desperdício. Pela morte em vida.

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domingo, 9 de setembro de 2012

Estrela, Estrela



Hoje, 9 do 9 minha estrela faz 9!

NOVE!!!

Meiga, querida, sensível, observadora e espertinha!

Essa vai para minha Stella...









Mesmo antes de nascer eu e o Jeferson já curtíamos a Estrela, Estrela.
Depois que nasceu então, nem se fala!

Parece loucura, mas minha vida se encaminhará para um terço vivida com uma companhia que ficará para sempre. Seja perto, seja longe. Filhos são elos eternos.

Não lembro mais o que é viver sem minha estrelinha.

TE AMO pequeno ser da minha vida!

Estrela,,

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Eu disse calma alma minha... calminha... você tem muito o que aprender!

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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Eu perdi o meu medo da chuva.

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domingo, 15 de julho de 2012

O trânsito.

Resolvi voltar a postar aqui, pois cheguei à conclusão que as coisas cotidianas que me tiram do sério não precisam ser postadas no facebook, pois lá dá e passa. Aqui fica pelo menos registrado. Quando eu morrer alguém por favor leia isso no meu velório! Vão ter que aturar minhas irritações mundanas até mesmo defunta!!!!!

O Trânsito

A exploração humana, a miséria e a fome me fazem tremer de indignação. Em última instância, sobre isso eu batalho nos fronts por onde ando. É o transversal e ao mesmo tempo a raiz, enfim.

Porém, o histórico e corriqueiro cotidiano que atiça todos os sentidos diariamente, compõe-se das mais diversas coisas/ horrores/ alegrias/ irritações. Uma delas é o trânsito. Pode parecer uma observação classe média que tem carro fazendo mimimi. Mas o trânsito abrange quem tem e quem não tem carro. Porque criança atropelada na beira da rua diz respeito às imprudências humanas. Trânsito não diz respeito só a carro, nem só a quem dirige. Raras situações dizem respeito ao acaso e ao azar. Boa parte das coisas ruins que acontecem no trânsito são previsíveis. O problema é que é tão veloz que muitas vezes pouco dá tempo de evitar o pior. Muitas outras coisas são óbvias que podem acontecer se agirmos daquela forma. E muitas vezes as pessoas seguem agindo da forma perigosa. Neste caso não se trata nem de azar nem de acaso, mas de previsibilidade e apostar na sorte mesmo. Imprudência.

Trânsito também significa transportar gente de diversas formas. E se tem gente, tem que ter cuidado. Cuidado é uma palavra muito vinculada ao feminino. Gostem as pessoas ou não, hoje ainda é assim. E pode ser por isso que a maioria das mulheres são motoristas exemplares no quesito "prezar pela vida".

Sair de casa tranquilamente e pegar um volante, significa injetar adrenalina na veia. Adrenalina maniqueistamente do "mal"... porque estressa ao invés de empolgar.
Quase não dirijo. Mas quando dirijo é sempre a mesma coisa. Seguramente não sou barbeira. E não sei a origem desse apelido para quem dirige "mal" e neste momento não estou afim de descobrir. Eu apenas questiono tudo, até o comportamento humano no trânsito. O que acontece é que o trânsito é uma escola de masculinização se pensar o homem-padrão-tradicional-da-sociedade-capitalista-competitiva de representação máscula, poderosa, corajosa, viril, o "homem gladiador". Resumindo:

Nem todo o motorista homem é babaca, mas todo motorista babaca é homem.

Todos é muita gente né, não vamos generalizar. Essa frase vale para 97% dos veículos e motoristas que se vê por aí, talvez tenham uns 3% de mulheres babacas que copiam o jeito idiotizante de dirigir para serem mais aceitas no asfalto.

Engraçado que quando alguém faz uma "barbeiragem" no volante, logo olhamos para o motorista. Se é mulher, já rola o comentário: Só podia ser mulher...

Faz um bom tempo que venho assistindo kamikazes do volante tentando se matar e matar quem estiver por perto, e quando o kamikaze passa, inevitavelmente eu penso: só podia ser homem.

É ruim pensar assim, eu sei, sou contra o sexismo, mas infelizmente as atitudes kamikazes do volante são muito masculinas. E constatar isso contra este comportamento de muitos homens (não todos) não significa ser sexista. Muito pelo contrário. O conceito histórico de "ser homem" e o de "ser mulher" tem tudo a ver com a construção desses comportamentos. A mulher é inúmeras vezes mais cuidadosa no trânsito do que os homens. Vejo poucas mulheres testando a velocidade dos seus carros e o nível da sua sorte cortando a frente dos outros e tudo mais. Muito poucas.

O trânsito é uma escola diária de como deseducar o ser humano de tudo que ele aprendeu na vida sobre relações sociais, sobre tolerância, sobre alteridade e sobre racionalidade.

O jeito idiotizante de dirigir se resume em:

- colar na bunda do carro da frente, ficar dando sinal de luz ou buzinando e te obrigar a pisar o pé para não ser chamada de "mulherzinha"
- cortar a frente de todo mundo (válido para motoristas de carro e de moto - ônibus nem se fala)
- ficar fazendo disputazinha com outro homem e sua máquina, pouco se importando se naquela velocidade não se deve andar dentro de bairros e ruas repletas de pedestres - como vi essa semana na minha cidade
- buzinar e fazer sinal de luz de forma totalmente sem paciência se um carro com uma placa de outra cidade ou até mesmo de outro estado não segue o fluxo corretamente porque não conhece - e fica na cara que não conhece. Exemplo são as pistas de "siga livre" quando a pista ao lado tem semáforo. É um pecado mortal o cidadão parar no "siga livre" porque primeiro enxergou a sinaleira e depois enxergou a placa... os estúpidos de plantão já saem xingando. Logo, dirigir na cidade dos outros é ERRADO, quer andar de carro, vá andar na sua cidade, não é? Geralmente o aviso abaixo de "choque" vem de homens impacientes. O mesmo serve por andar na contramão em ruazinha desconhecida de dentro de bairro que nem placa tem. A gente aprende com os homens impacientes na marra. Os homens super-educativos. É óbvio que não se tratam de todos os homens, já disse no começo e não vou ficar me repetindo para me defender. É só ler lá em cima.


Será que estes indicativos em lugares como São Paulo já são bem diferentes? Porque aqui em Porto Alegre ainda impera essa premissa deseducativa masculina.

Outra coisa que me causa espanto dentro da sua contradição:

Horário de pico. As mesmas pessoas que compartilham mensagens divinas, de autoajuda, de serenidade, de equilíbrio emocional, de amor, de respeito e de tudo mais, no horário de pico esquecem em que planeta estão. Jogam carros em cima das pessoas na faixa de segurança, cortam a frente, xingam o lerdo, não abrem passagem para ninguém, lascam a mão na buzina, afundam o pé... ih... uma baita contradição só!

Eu tenho muita vontade às vezes de lembrar a todos que compartilham estas mensagens no facebook, de que o horário de pico e sua impaciência dentro de sua imperial máquina, ainda é um horário dentro das 24h do dia humano. Ou cria paciência e generosidade, ou não entope de hipocrisia a tela dos computadores.

O trânsito testa a irracionalidade humana.

UFA! MUNDO DA VELOCIDADE-COTIDIANA-CÃO!

O melhor preventivo ainda é a generosidade. Ninguém vai perder tempo de vida por ter sido generoso no trânsito.

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sábado, 5 de maio de 2012

Salve el Jorge!

O Jorge me faz tão bem que parece que ele faz parte da família. Fui assistir um filme na Argentina com ele. La suerte en tus manos.

O enredo não era lá essas coisas, mas só de ver ele em diversas poses e situações, mais de pertinho, já valeu a noite. Saí de dentro do cinema como se tivesse renovado minha alma. Fiquei leve. Passei dias e dias com a simples palavra na cabeça: "inoportunaaaaa", de uma de suas músicas. E não é que resolvi escrever sobre o Jorge e de repente o pendrive começou a tocar uma música dele? O Jorge parece alguém próximo, tem horas que até me sinto parecida com ele na sua timidez e no seu intimismo. O Jorge para mim é um momento de reflexão, de calma, de tranquilidade. Depois dos seus dois shows em Porto Alegre me tornei alguém melhor. Principalmente do segundo show, que pude ficar MUITO perto dele. A delicadeza de cantar é tamanha que uma respiração mais ofegante na plateia atrapalha a voz do Jorge no microfone. Eu não sou tiete de ninguém, e acho tietagem um porre, dose para leão. Mas o Jorge é o Jorge. Não sou tiete, sou apenas mais uma alma que se nutre de sua música. Não apenas da música, mas daquilo que ela representa no contexto geral, incluindo o artista e tudo que ele traz junto com a sua música. O Jorge é uma imagem refletida de um lugar bonito. De uma Montevidéu numa tarde fria nublada com folhas de plátano voando pela rua. O Jorge é bonito por todos os lados, por dentro, por fora, de lado, de cima, debaixo. Isso aparece na sua voz e na sua música. Chato isso para quem ler e não for o Jorge, né? Mas o que eu posso fazer??????????? Salve JORGE!!!!!!!!!!!!!!

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sábado, 10 de março de 2012

Hospital Cristo Redentor X Shoppingzão

Tem horas que eu queria incorporar o Sebastião Salgado. Mas eu mal sei tirar foto com celular. Fotógrafos profissionais de Porto Alegre: por favor façam arte com a avenida Assis Brasil. Não sei bem que horas a foto ficaria mais bonita. Trata-se de tirar um fotão ao longo da avenida pegando os dois lados da Assis Brasil na altura do Hospital Cristo Redentor de um lado, e de outro um MEGA shopping Bourbon que abrirá em frente ao Hospital. Eu achava que o Cristo era grande, até ver a capacidade do capitalismo de construir uma FORTALEZA daquele tamanho. É um monumento!!! A entrada da frente é RIDICULAMENTE ENORME!!! É assustador!!! O Hospital Cristo Redentor se tornou uma bacteriazinha ali na frente! Fiquei chocada e assustada, pois há muito tempo não passava pela Assis Brasil. Eu que frequentei o Cristo Redentor por um tempo, senti que aquele lugar nunca mais será o mesmo. Pensei: esse shopping enorme estará sempre cheio, aposto. O Hospital Cristo Redentor também está sempre cheio. E que tal se o Hospital fosse daquele tamanho? Não tem alguma coisa errada no senso de humanidade do capitalismo? (que piada isso que eu escrevi) Precisamos de tantas lojas novas?????????????????????????????? QUE HORROR!!!!

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Diploma de jornalismo, pra que?


Texto de Andrei Fialho, jornalista.
O que meus amigos jornalistas e não-jornalistas pensam a respeito? Para refletir.

Diploma de jornalismo, pra que?

Bons tempos foram aqueles da faculdade. Muitas amizades, aulas descontraídas, um pouco de discussão e algumas práticas de jornalismo. Até ai, tudo bem. Dá realidade latino-americana em comunicação à teoria da pirâmide invertida, o curso de jornalismo não passa de “enchessão de linguiça”.

Como jornalista diplomado, afirmo: o jornalista e os meios de comunicação só são corporativistas para anunciar a morte de um colega. A premissa básica do jornalismo é escrever. O que eu conheço muitos jornalistas preguiçosos que não gostam de escrever, é uma coisa séria. O pior de tudo é a doutrina de redação para textos jornalísticos. Por favor, agora precisa de diploma para escrever um texto enlatado e todo amarrado com regras?
Tem muita gente que faz jornalismo para virar fotógrafo, operador de áudio ou editor de vídeo, para isso a Feplam tem cursos de um ano que resolvem o problema. A ilusão que se vende de se trabalhar em grandes veículos de comunicação não condiz em nada com a realidade. O piso salarial do jornalismo no Rio Grande do Sul é algo humilhante. Só aceita quem ama a profissão.

Por outro lado, o miserável do jornalista fica nas mãos dos seus superiores. A fantasia da bela produção textual acadêmica morre nos interesses do veículo de comunicação. E ai, se foi toda teoria, toda preparação universitária. Pergunto, para escrever o que o chefe manda precisa de diploma? Vejo milhares de jornalistas fazendo exatamente o oposto que aprendi na universidade. Alguma coisa está errada, ou eu que sou trouxa.
Já o segmento de assessoria de comunicação vem crescendo e absorvendo muitos jornalistas. Estes ficam mais amarrados ainda, porque têm que escrever aquilo que o assessorado quer, citar as pessoas em determinada pauta para satisfazer a vontade do chefe, mesmo que estas informações não tenham relevância nenhuma. Além disso, são cobrados porque a mídia não divulgou tal pauta.

Poucos são os jornalistas que possuem autonomia de seu trabalho. Em casos de assessoria, ficam sob o julgamento de leigos. Para planejamentos em comunicação, o jornalista que estudou tem que acatar a vontade e a percepção do conhecimento empírico dos outros. A palavra final nunca é do jornalista. Precisa de diploma para ser um operador de ações de comunicação?

Outro fator relevante são os novos canais de comunicação oferecidos pela internet. Blogs, sites, redes sociais e outros, estão sendo preenchidos e interagidos por diversas pessoas e possuem uma crescente busca por parte do público como fonte de informação. É importante prestar atenção no perfil do consumo e do consumidor da informação. A imprensa tradicional não ocupa mais o mesmo espaço dentro dos consumidores. As pessoas estão buscando as informações que lhes agradam nos novos veículos virtuais que surgem e se consolidam a cada dia. Quem gosta de esportes não vai acessar um site de política, por exemplo. Essa é a democracia da informação.

Este novo cenário põe em cheque a função do jornalista. Acredito que tanto o Sindicato como a Federação dos jornalistas estejam fazendo um bom trabalho. Faltam militantes. São novos cenários, novas realidades. A classe dos jornalistas deve refletir e tomar um posicionamento mais coletivo. Não consigo imaginar o que aconteceria se cancelassem a necessidade dos diplomas dos engenheiros, médicos ou advogados.

A conjuntura atual do jornalismo e de sua classe deve naufragar o diploma. Pelo que vejo, a fábrica dos sonhos da universidade versus a realidade, não dialogam para a formação de um profissional com uma função social definida. Se é para ser a realidade de trabalho que se tem hoje, um curso tecnólogo, de dois anos, basta para criar um operador da informação. Outras funções de bastidores do jornalismo, menos ainda, cursinhos de operadores de câmera, filmadora, e até de maquiagem devem fomentar a economia de pequenas instituições de ensino. Diploma, só para concursos públicos e olhe lá.

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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Preconceito do Preconceito do Preconceito que não acaba nunca...


Escrevi hoje no facebook isso:

Quem forma os pré-preconceituosos? Quem instiga a raiva ao diferente de si? Que geração de jovens mais velhos que anda detonando a dos jovens mais novos que gostam de Restart? Não tenho como ficar calada se hoje a foto do dia não é mais o BBB, mas o vocalista do Restart todo ensanguentado. Só tenho um recado a dar, não ao público daquele show, mas àqueles que fizeram alguém do público daquele show odiar o Restart: parabéns. Parabéns aos incitadores da "boa música" que vivem a avacalhar o Restart, sob argumentos pseudointelectualizados que explicam através do acorde tal do "não sei o quê" o por quê do Restart ser ruim nas suas concepções. Restart pode não ser a melhor banda do mundo, mas tem uma gurizada nova no pedaço e extremamente jovem que meteu a cara a tocar música e aprende um pouco a cada dia. Nome disso? PRECONCEITO. Virou sinônimo de "sou intectual da música, odeio Restart". Para mim é o mesmo que dizer "sou preconceituoso com alguma coisa que um jovem inventar que não seja da minha geração ou da geração antes da minha geração". E por aí poderia utilizar o festival de preconceito de uma camada jovem quanto à outros que fazem sucesso na mídia, ainda que seja esta mídia da indústria cultural - que é outro debate. Como cantava Elis, só posso pensar que "ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais"... Um povo que um dia batalhou para a superação do preconceito de geração, para as invenções das novas gerações, para o respeito, hoje reproduz a mesmíssima porcaria com quem é mais jovem. Uma PENA.

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Bistrô da Aldeia




Esta semana, terça e quinta a partir das 19h.

Reservas pelo e-mail bistrodaaldeia@gmail.com ou pelo facebook

@amon costa

Vale a pena dar uma conferida!

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