sábado, 17 de agosto de 2013

Rap Bãrtdei, my brother!

Me disse que quando eu cheguei no mundo ele já estava. Que já pode viver uns anos sem mim, e que eu nunca na vida havia vivido sem ele (tortura bem fundamentada)! Vai ser sempre assim, o dono do pedaço, do campinho, o primeiro filho, o primeiro neto, não tem o que fazer, cheguei depois. Hoje completa 35 anos de vida e quase 31 de convivência com "aquela que veio ao mundo para dar graça" nas suas manhãs vendo Xou da Xuxa, He-man, She-ra, Porta dos Desesperados do Sérgio Malandro... Com quem ele fazia testes de lutas marciais, cabanas, corrida de tampinha, partidas de vídeo-game, ih. Depois me obrigou a gostar de Cavaleiros do Zodíaco. Eu tive que gostar daquilo, tchê, que desenho bem chato!!!!!! Era um tempo em que o poder se concentrava na mão de quem possuía o controle remoto. Não tinha essa de ter TV só para si no quarto. Aliás, não tinha controle remoto. Mas com ele eu também acordava de madrugada e dormia na sala para ver o Airton Senna domingo de manhã bem cedinho. Além disso ele me instigou o instinto de sobrevivência. Comia igual o Taz tudo que tinha de porcarias e besteiras dele e vinha comer as minhas depois. Páscoa, era fatal. Tive que aprender a esconder, guardar, poupar. Também dava briga para ler os gibis da Mônica. A briga era de quem lia primeiro. Coisas muito nobres... que atormentavam a paz do lar! ehhehehehe. Eu tenho um puta orgulho de ter passado a infância copiando tudo que ele gostava, porque do contrário estaria fadada a ser gremista como meu pai, ou quem sabe seria filiada no DEM, porque meu pai votou no Maluf... e ainda me levou para votar junto com ele (cheguei em casa e fui correndo dedar para a mãe), ou ao invés de gostar de música legal talvez escutasse umas "pereba braba". Ele ligava o som no quarto dele tão alto, tão alto, tão alto, que a vizinhança inteira aprendeu a gostar de música "alternativa". Nossas primeiras mesadas. Gastei influenciada por ele também. Com cd, logo que pudemos acessar o cd. Era um absurdo de caro. Porque a gente passou a infância inteira ouvindo fitinha kassete e vinil. Meu primeiro cd resolvi tentar ter um ataque de personalidade e escolher alguém da minha cabeça, sem a influência dele. Escolhi o cd do PATO BANTON! AHAHHAHAHAAHH Ele ri da minha cara até hoje. Mas eu tinha um motivo, é porque tocava no mingau... tá? Ainda do mundo das influências... foi ele quem me obrigou a ler um livro. Na faculdade, quando ele despertou para a política, se apaixonou de uma forma e queria que o mundo soubesse do que ele estava descobrindo. Lá fui eu. Me fez ler o Manifesto Comunista. Me fez ler também a Pedagogia da Autonomia! Olha isso, eu era quase uma adolescente, lendo Paulo Freire, jamais imaginando que uma década depois seria o foco da minha vida, seria a base do meu estudo, seria minha vida, minha prática, o doutorado, a escola, enfim. Alguém me disse esses dias que o irmão ou a irmã, são nossos primeiros amigos de verdade. Porque é com eles que a gente divide coisas que não são aproveitadas com os adultos. Passei a vida toda explicando para todo mundo que perguntava, que éramos irmãos só por parte de mãe. Olhavam para um, olhavam para outro... e as peças não se encaixavam. Eu amarela e ele pretão. E eu sempre adorei ser tão diferente, mas ao mesmo tempo tão igual. E não é que anos depois a gente fez um xerox da vida? Estão aí, nossas fotocópias! Feliz Aniversário, Amon da Costa TE AMO!!!!

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