terça-feira, 10 de setembro de 2013

Ainda bem que não sou eu quem manda aqui

Li esta poesia, e lembrei-me de várias pessoas que ao longo de suas vidas compreenderam e reforçaram ao mundo que o ser humano não é o dono da natureza, ou que tampouco o dono de tudo que há no mundo é uma entidade "humanificada", e, pior do que isso, masculinizada. Religiosos poderiam dizer que a menção destas palavras remetem à Deus. A interpretação é livre. Eu diria que me reforça ainda mais a ideia de que somos parte, processo, transformação e não de que somos menores ou maiores que o resto do universo. Em outras palavras, somos parte da natureza, tanto quanto todo o meio ambiente que nos completa. E se nos consideramos "parte", pressupomos sintonia e sincronia com as outras partes, e não supremacia ou autoritarismo perante as outras partes. Ao ler isto sem a menor intenção, num livro de Feng Shui encontrado ao acaso na minha prateleira com "técnicas energéticas milenares", me peguei pensando: precisava dividir com mais gente. Mesmo que apenas para reflexão.



Ainda bem que não sou eu quem manda aqui

Eu jamais teria imaginado um pinhão
nem um porco-espinho, nem uma romã,
e ainda que lograsse imaginar um cometa,
como conseguiria construir um deles?
ou organizar a vida de um lago?

Onde teria eu encontrado a energia
para tornar distinto cada floco de neve?
(é mais ou meu estilo fazer um ou dois
modelos razoáveis, construir um molde
e fabricá-los em série)

E em definitivo não se parece comigo
terminar uma cordilheira toda e depois ir
cuidadosamente retocando com minúsculas
florestas de musgo a face virada para o norte
de cada pedra

Tenho excelente memória para os detalhes
mas me parece provável que fosse esquecer
as bolinhas das costas de uma joaninha

E teria esquecido de amarrar
cada uma das madeixas de seda
de cada grão de cada espiga de milho

(Ora, eu já morei numa casa por dois anos
sem pendurar cortinas no quarto de dormir
- provavelmente eu jamais conseguiria
me levar a construir uma cachoeira)

E não consigo ter em mente alguma coisa
pelo tempo que é preciso para ser um rio,
nem me concentrar pelo tempo necessário
de me tornar numa vertente fria e funda

E ainda que eu tivesse, em caixinhas,
o tipo certo de átomos e moléculas,
quanto tempo levaria em montá-los
para formar uma mera gota d´água?

E o brilho despedido por aquela gota?
Bem, acho que para todo o sempre ficarei
a procurar os começos daquela luz.

Viu só? Ainda bem que não sou eu quem manda aqui.

Evi Seidman

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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Um terço de mim


Em todos os fenômenos da natureza, tudo que pode ser materializado também passa pela matemática, depende do quanto somos capazes de abstrair.
Abstraindo minha essência no dia 09/09/2013, chego a um resultado parcial simples e direto. Um terço de minha vida compõe meu “x” na qual em palavras talvez não seja capaz de expressar no que minha alma se transforma a cada dia.
Em trinta anos de vida, vivo exatamente hoje o fechamento do ciclo da terça parte ao lado dela. Dez anos, uma estrela, um pedaço, uma soma, um perímetro de tudo que vivi fora de mim, além de mim, e ao mundo.
Se for um quociente, que seja consciente. Mas muito mais do que parte, do que fração, um produto. Uma multiplicação. Ainda que muitos tentem explicar as relações humanas na sua máxima complexidade, existe uma que muito pouco conseguimos explicar e, no entanto é a que mais nos cobramos na tentativa de fazer nosso melhor. Filhos são relações inexplicáveis, ainda que saibamos com toda a certeza de que poderíamos ter feito mais, ou ter feito diferente. E como na soma da vida, nem sempre 2 mais 2 são 4, temos plena certeza de que muitos erros cometemos e muitos ainda iremos cometer.
Um terço de mim não representa apenas um tempo ao lado dessa estrela, mas também uma história, renovações contínuas, aprendizados cotidianos, ressignificações vitais permanentes, desafios surpreendentes, e muito, mas muito exercício de paciência quando esta nos ameaça faltar... E ainda assim, teremos uma sensação mais infinita que o Pi, de que poderíamos ter feito melhor. Acredito que enquanto estivermos vivos. Até o fim. Mesmo maduros.
Um terço de mim é pura novidade. É caminhada, é construção. É inacabamento. É o que não tem governo e nem nunca terá. É surpresa. É pura vida que se complementa dentro e fora de mim mesma. É contradição, é vida que não me pertence, mas me guia.
“És parte de mim, assim como és, parte das manhãs”, como diria Vitor Ramil. E como diria Nando Reis, “não sei se o mundo é bom,
mas ele está melhor desde que você chegou e perguntou: tem lugar pra mim?”

            Feliz 10 anos de vida minha estrela, Stella! 

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