O Brasil da diversidade
por Amon Costa Historiador e Presidente da FUNDARC - Gravataí
O Brasil foi historicamente governado por uma elite que instituía sua moral aos demais sujeitos da sociedade, impondo suas crenças, credos e costumes. Há mais de 500 anos aqueles que sempre foram os oprimidos da sociedade ficaram a margem de decisões políticas e sociais que poderiam melhorar suas vidas. O Brasil vive hoje um marco histórico resultante de inúmeros processos de luta, de resistência, de bravura e de embate, tanto na vida dos oprimidos e da classe trabalhadora, quanto na sua forma de organização e relações entre si. Elegemos, entre um período historicamente curto de tempo, o primeiro homem operário oriundo da categoria mais pobre que existe no Brasil, o ex-presidente Lula. Em seguida, elegemos a primeira mulher presidenta da história deste país, torturada nos calabouços da ditadura militar, foco de preconceito e discriminações diversas, a presidenta Dilma. Num efeito histórico dos rumos do país, da forma de governar e
das relações de respeito com os movimentos sociais, o Brasil aprova numa instância máxima, o direito de família dos casais homoafetivos. Com isso, não foi aprovado apenas um marco legal. Com isto se sinaliza também, que o poder do Estado enquanto instituição regulamentadora de direitos da sociedade, encontra-se num cenário político que vem acompanhando as mudanças na sociedade e a busca pela dignidade humana em todas as suas esferas. Esta conquista não é um presente do STF. Esta conquista é fruto de décadas de lutas sociais dos homossexuais pelos seus direitos perante a vida. Esta conquista movimenta também, novas formas de relacionamentos entre pessoas, novas reflexões sobre respeito e dignidade e novas concepções de como atingirmos a emancipação humana de fato. É inadmissível que ainda aconteçam crimes contra a sexualidade das pessoas, das crianças, de jovens e adolescentes alvos de violência, de preconceitos
múltiplos que resultam em agressões, em derramamento de sangue, em falta de assistência, em intolerância, em medo, em crueldade. A cidade de Gravataí contribuiu e vem contribuindo em nível local, na medida em que pauta o tema da Diversidade Sexual através do Fórum Permanente na Fundarc, dialoga sobre o assunto, traz visibilidade e institui Lei Municipal da então vereadora Rita Sanco contra o preconceito aos homossexuais em estabelecimentos diversos, etc. De fato e de direito vivemos em um novo Brasil, os movimentos feitos em cada canto deste país, sejam ações de governo, sejam dos movimentos sociais, sejam nas lutas e enfrentamentos das pessoas no seu cotidiano, contribuíram num efeito positivo sintetizado no STF na tarde de ontem. O dia 5 de maio de 2011 será lembrado acima de tudo, como um marco legal em favor do respeito, da dignidade e da felicidade. Parabéns para todos e todas que lutam “aqui e agora” por um mundo melhor.