quarta-feira, 29 de julho de 2015

Uma vida é muito pouco


Março até julho de 2015 foram os meses da preguiça.
Nunca fui tão preguiçosa.
Até para atividades físicas, embora tenha feito muitas, relaxei perante o que havia planejado.
Nunca fui tão preguiçosa.
Aliás, já fui, quando era adolescente. Adolescente eu era capaz de dormir doze horas sem acordar. E ainda sentir sono.
Não sei que relação pode ter, mas pela primeira vez na minha vida meus exames médicos acusaram falta de vitamina B12. Vou culpar a minha química pela minha preguiça e falta de iniciativa intelectual.
Sinto que isso tudo vai mudar, que vou voltar a ser eu mesma bem em breve. Hoje tive um estalo, parece que reacendeu uma chama que sempre me pertenceu. Parece que do nada meu estímulo começou a voltar.
Me lembrei de tudo que já fiz ao mesmo tempo na vida e pensei que jamais estive tão paradona.
Foi aí que me lembrei dos meus ímpetos de querer saber sempre mais. O que me moveu foi eternamente a curiosidade. Sempre quis saber como funciona toda a engrenagem de tudo. Da música, passando pela política, pelos esportes, pela economia até a poesia. E agora estou aqui, como quem está “de molho” na curiosidade.
Sempre pensei que havia muito pouco tempo na vida para se saber tudo que poderíamos. E sempre tive certeza que jamais saberemos tudo, mas que quanto mais soubéssemos mais felizes seríamos. Afinal, meu ímpeto de vida sempre se baseou nessa vontade curiosa incessante. Em alguns momentos da vida sempre sinto que me ligo em coisas diferentes. E assim me sinto mais plena. Por exemplo: minha mãe sempre me ensinou sobre alguns bichinhos, sobre como funcionam algumas plantas. Jamais eu pensaria o quanto me faria feliz plantar um cactos ou criar mudas de folhagens e flores. Mas para isso precisa de técnica. Nossa, esse ano descobri altas técnicas. Aprendi também nos últimos tempos, muito mais sobre vento e marés do que a minha vida toda. Apesar da preguiça.
Aprendi, apesar da preguiça.
Em outros momentos da vida estive ultra ligada em tudo que fosse poético.  E tudo realmente virava poesia.
Tive meu tempo da filosofia. Tudo era baseado na filosofia mais clássica possível. Até conhecer a Genealogia da Moral e me dar conta que as palavras fazem diferença sim. Inclusive que a decisão das mulheres de chamar a Dilma de presidentA faz sentido para quem se importa com política.
Teve um tempo que a minha vida fez sentido estudando economia. Nossa, tudo fazia sentido. E ao mesmo tempo nada fazia sentido. Mas aquilo me completava.
Em outros momentos fui tomada pela psicologia de Freud. E tudo tinha o Freud no meio.
E o que aprendi com o Reiki então? Jamais pensei que saberia coisas básicas como o alinhamento dos Chakras e o poder da energia concentrado nas mãos. Foi quando não me imaginava conhecendo mais das ciências médicas ou da física, que aprendi muito sobre corpo humano e sobre forças energéticas vitais.
Já estive fã da física quântica, mesmo sabendo muito pouco. Aliás, era saber muito pouco que me fazia tão feliz. Porque parecia que no meio daquela maluquice tudo fazia sentido ainda que nem tudo pudesse ser observado.
Método de pesquisa. Teve um tempo que método de pesquisa era quase como quem descobre como se deve viver. Ainda que possa parecer “quadrado” eu dizer isso, estudar método de pesquisa e perceber que muitos realmente praticam o que teorizam, fizeram-me ver que método de pesquisa é coisa séria. Que não se blefa, que não se brinca.
Ciência política. Jamais pensei. Achei que estava no sangue de cada um o envolvimento político e a incapacidade de ver atrocidades e não sentir nada. Que nada! Foi me afastando um pouco da organicidade política que descobri que muita gente não está nem aí para nada. Só repetem igual papagaios o que gente raivosa diz, e não entende bulhufas sequer como funciona a estrutura dos poderes públicos. Imagina então se vão se esforçar para entender como funciona a estrutura eleitoral. Piorou. Percebi que meu envolvimento orgânico partidário me ensinou a perceber muita coisa. E jamais pensei, mas me ensinou a desenvolver uma coisa chamada disciplina de organização. Pensei que sociedade adulta do “mundo lá fora” soubesse minimamente se organizar. E pensei que um partido político era uma bagunça. Que nada! O mundo lá fora é uma bagunça e o partido político é organizado. Ao menos dentro de uma estrutura partidária a gente aprende a esperar nossa vez de falar. Aprende a contemplar as diferenças. Minimamente, respeitar. O partido é uma escola. E uma escola é uma escola para muitas coisas. Mas sinto que nem sempre temos guardada nossa vez de falar e muitas vezes impera a imposição de crenças independentemente das diferenças entre milhares de cabeças, entre milhares de sentenças. Mesmo assim, aprendi bilhões de outras coisas. Especialmente no convívio humano. Especialmente da ordem das humanidades. E também das desumanidades. Que são irmãs gêmeas, que andam lado a lado, que são constantes e que nos desenvolvem turbilhões de sentimentos e sensações. Uma doideira só. Quem é professor e liga o botão do aprendizado "mecânico" não sabe o que está perdendo. Um sindicato também é uma escola de organização. Esse ainda não participei. Sinceramente, apoio todo movimento sindical, mas não estou com ânimo de participar dele num horizonte de muitos anos. Talvez seja porque estou envolvida com a política desde que me conheço por gente. E agora dei um “break” para saber mais sobre outras aprendizagens. E também porque preciso terminar minha tese. Só eu posso fazer isso por mim.
Uma vida é muito pouco tempo para conhecer todos os sabores de comida. Todos os temperos. Uma vida é muito pouco para saber quais profissões seriam legais. Uma vida é muito pouco para saber diversas emoções, adrenalinas possíveis, lugares mágicos de se morar. Quanto tempo da vida será que passamos pensando nas escolhas que tomamos? No destino se fosse por outro caminho? Enfim, seja a escolha que fizermos, que sejamos capazes de aproveitar aquele momento.

E nisso tudo fico pensando: como é que a gente é capaz de aproveitar melhor nosso tempo sabendo mais coisas e tendo acesso à mais coisas? Já pensou que maluco todos poderem viajar pelo mundo? E as pessoas que não têm todo aquele dinheiro? Mereciam não conhecer mais coisas do que as que têm? Claro que não!  Existe aprendizagem melhor que a prática? Que observar, que tocar? Que aprender brincando? 
Enfim, sinto reacendendo aquela minha energia vital de ter curiosidade. Das mais singelas às mais complexas. Obrigada, B12!!! Não sei se é a vitamina ou se é um semestre que inicia, mas sinto minha energia voltando pro eixo de onde nunca deveria ter saído!

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