segunda-feira, 2 de maio de 2011

O invisível Dia Internacional do Trabalhador


Domingo foi primeiro de maio. Houve um tempo em que a mídia de massas veiculava ações que aconteciam em todo o mundo. Noticiava meio contrariada, mas fazia. O Fantástico deste domingo se superou. Em nome do capitalismo que a sustenta, a Globo não noticiou sequer a “menção” da referida data. Tenho convicção que se ontem tivesse sido o dia internacional do beijo, ou do cunhado, ou do uso de chapéu, talvez tivessem produzido alguma materiazinha divertida sobre o tema. A ideologia dominante se organiza através da tese de que a luta dos trabalhadores e trabalhadoras foi superada. Vivemos em um “suposto” novo tempo em que lutas sociais em torno do trabalho e do trabalhador caíram de moda e fazemos parte de uma nova realidade com especificidades tais, que, falar em luta de classes é coisa de dinossauro. Para cima de mim? Ah, essa não. Enquanto homens e mulheres seguirem morrendo em seus trabalhos e a caminho deles, seguirem tendo partes dos seus corpos mutilados, seguirem tendo lesões diversas em funções de seus esforços, seguirem vendendo suas forças de trabalho cada vez mais violentamente com cada vez menos direitos, falar em luta de trabalhadores não sai de moda. E não apenas por isso. Não sai de moda, pois o capitalismo não saiu de moda, o lucro das empresas não saiu de moda, a exploração do humano pelo humano não saiu de moda, a sociedade ocidental dividida em classes, não saiu de moda. O corpo e a vida humana ainda tem preço. Uns custam muito, pois tem posições na sociedade com maior destaque. Outros são mais baratos, pois são trabalhadores, pobres ou miseráveis. Grandes corporações da construção civil contabilizam em seu planejamento custos com mortes de funcionários; a cada dia morre no Brasil um número absurdo de motoqueiros que trabalham contra o relógio em nome da velocidade do capitalismo; trabalhadores de grandes indústrias perdem pedaços de dedos e das mãos a cada mês no mundo; e por aí poderíamos citar mil exemplos. Quem achar exagero sugiro uma visita ao Hospital Cristo Redentor. Basta ficar meia hora na recepção e ver a quantidade de casos de acidentes de trabalho que baixam hospital. O dia em que um desses for o “dono” ou o “sócio” da grande empresa, talvez seja um sinal efetivamente de novos tempos... Se prestarmos atenção, a classe dominante morre de “causas naturais” ou no limite, acidentes de trânsito. Essas coisas são “dinossáuricas”, foram superadas ou não existem mais? Errado. Isso é o que sustenta o capitalismo: a exploração do trabalho de homens e mulheres. Essas pessoas que movem o mundo, não receberam nenhuma menção na noite da “família brasileira” que assiste ao Fantástico. Isso que não vou nem entrar no mérito da discussão sobre o quanto ganha um trabalhador e o quanto ganha o seu “patrão”. Este debate na luta de classes, daria um outro texto. Mas, ironicamente, algumas instituições que tentam vender a ideia de que “a luta de trabalhadores e trabalhadoras já morreu”, não citaram sequer meia frase neste dia “normal” de domingo.
Foto: Sebastião Salgado

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