sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Definitivamente, apaixonada!

Hoje, mesmo depois de altos e baixos, de "oitos e oitentas", de todos os problemas ou contradições que a vida carrega, me vi completamente apaixonada! Apaixonada pela vida! Não vi passarinho verde nenhum, mas consigo ver os pássaros. Quando era criança prestava atenção em tudo e pensava sobre tudo. Mesmo meio tímida, acho que eu era uma criança atenta às pequenas coisas da vida. Na adolescência ainda conseguia ser assim, e parece que na idade adulta me endureci, criei casca e alguma coisa daquela criança se perdeu. Tenho a sensação que estou conseguindo ver de novo toda a cor e a vida que tinha quando era criança. Eu voltei a perceber cada detalhe de forma intensa, e o que é melhor, o detalhe passou a ser o mais importante, o detalhe passou a ser o essencial. Hoje tive uma aula na beira do Guaíba. Minha nossa! Como contemplei aquele momento! Que coisa boa! Tenho caminhado muito, seja quando estou angustiada, seja quando estou bem. E sempre que “andarilho” passam mil coisas na cabeça. Mas o que mais me acontece é ficar percebendo como são as pessoas que passam por mim. O que elas conversam, como agem, e até a forma como olham para o mundo. E vendo elas, acho que me vejo também. Vejo um mundo de contradição. Vejo tristeza, vejo alegria, vejo ansiedade, vejo sorrisos, vejo dor, vejo tudo. E mal sabem elas, que eu vejo. Passa todo mundo tão rápido, tão depressa, que não imaginam o quanto é bom prestar atenção na vida. Prestar atenção nas pessoas, na natureza, nas paisagens, nos animais, e em como tudo isso se relaciona num mesmo lugar, numa mesma rua. Ainda hoje, passei por duas mulheres e uma delas falava assim: “porque daí o vestido era vermelho estampado com azul...” enquanto que minutos antes havia passado por dois homens e um deles disse: “porque a fulana, a fulana é um tesão!” Que mundo diverso! Quanta coisa para aprender! Quanta coisa para mudar! E tem como mudar alguma coisa sem um sentimento mínimo de paixão? Não tem. O que mais tem me apaixonado pela vida é cada vez que sei algo novo, cada vez que descubro mais sobre o mundo, sobre o conhecimento, sobre teorias e sobre práticas, concluo que tenho cada vez mais para saber. E esse sentimento de incompletude é o que me move, me alimenta, me dá vida. Já disse em outro texto, morrer é o maior desperdício! Se eu chego a morrer agora fico com dó só de pensar tudo que ainda gostaria de aprender, de dividir, de sentir e de viver. De vez em quando gosto de comprar flores no Mercado Público. Há uns meses venho fazendo isso, pela simples alegria que me dá olhar para aquelas flores. Fico pensando que se fosse para comprar uma roupa ou um sapato eu não ficaria alegre, ficaria angustiada pelo sentimento de culpa de gastar dinheiro com isso. Mesmo sendo necessário vestir-se e calçar-se. Mas não me causa o mesmo efeito as flores que compro no Mercado. Elas são demais. Compro meus galhinhos e coloco do lado da cama. Tem coisa mais boba? E o que elas me causam quando as vejo no meu quarto, é indescritível. Não sinto isso olhando para um sapato. Quanto mais descubro sobre a vida, muito mais me afasto de pessoas que têm verdades prontas, que demonstram não ter mais nada a aprender, que tratam a vida como uma coisa conclusa e não vêem a força da intensidade de “ser mais” (novamente referenciando Paulo Freire). Estar apaixonada pela vida, não significa não perceber as contradições do mundo e nem tampouco virar uma bobinha... muito pelo contrário, esse sentimento ajuda a mover, creio eu, montanhas!!! Sei que esse estado passa, mas que seja bem vivido enquanto durar! E que venham novos momentos... e a vida vai seguindo seu curso, imprevisível, mas possível de planejamento, de organização. UM BRINDE À VIDA e todas as suas formas de acontecer! E um brinde, nunca se faz sozinho, se faz rodeada de pessoas!!!!!!!!

2 comentários:

Levi Nauter 20 de novembro de 2012 às 16:28  

Adorei teu texto. Sempre leio-os. Arriscaria dizer que os teus textos, pelo menos ultimamente, são como um divã. Tu estás fazendo terapia.

Abraços,

Levi Nauter

Fifi 21 de novembro de 2012 às 19:15  

hehehheheh, verdade, cansei um pouco de postar aqui meus devaneios acadêmicos... acabou virando divã mesmo...

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