domingo, 20 de julho de 2014

Mundão véio sem portera

Mas eu não sou daqui... eu não tenho amor... eu sou da Bahia... de São Salvador...
Marinheiro só.............

Às vezes eu acho o mundo uma droga. Uma droga ilícita alucinógena letal. Não sei se existe e nem qual é. Quando vejo ódio, raiva, rancor, competição e mesquinharia, eu desacredito. Quando vejo que a ética é a do poder dos objetos sobre as pessoas. Pessoas que com objetos dominam outras pessoas. 

Às vezes eu acho o mundo uma coisa maravilhosa cheia de outras coisas dentro.
E dentro de outra coisa, de outra e de outra, um mundo infinito de coisas. Tipo o Horton e o Mundo dos Quem. Um desenhozinho querido onde um elefante descobre que numa pluma existe uma formação social completa e escuta uma voz de lá. Tenta fazer toda floresta acreditar que escutou uma voz saindo da pluma. E na pluma viviam os Quem. O mundinho dos Quem, que cabia numa pluminha era muito divertido mas também cheio de contradições. Tipo o mundo do Horton.
Esse desenho fofo me faz pensar muita coisa. Que tem muita coisa para ser compartilhada nesse mundo. Tem muitos mundos num mundo só. Tem muita vida numa vida só. Tem pouco tempo numa vida só. Por outro lado, mesmo sabendo que temos pouco tempo numa vida só, insistimos em gastar esse tempo com mil parafernálias que nos oferecem para que deixemos nossa vida e nossos objetivos serem as coisas mais fúteis do mundo.
Temos pouco tempo. Temos nosso próprio tempo. Não temos medo do escuro... mas deixe as luzes acesas... (e se deixar vou seguir cantando até amanhã...)
Assisti meio que forçada, porque queria fazer outra coisa, mas meu empolgadíssimo irmão tem por hábito mostrar goela abaixo as coisas que ele acha interessante, até que vejamos. Isso não é uma crítica, pelo contrário, não fosse assim eu não teria visto. Um documentário dizendo tudo que acontecia no mundo num único dia. Dia 10.10.2010. As coisas mais simples. Quantas pessoas amaram, casaram, choraram, foram à escola, foram trabalhar, quanta mercadoria circulou no mundo, quanta gente nasceu, quantas morreram, enfim, tudo que aconteceu em apenas um dia da Terra.
As imagens que iam de norte a sul do planeta, me comoveram. Quanta cultura, quanta crença, quantas emoções, quantos sentimentos, quanto tudo. E nisso vi que o mundo é muito grande para a gente ter a audácia de querer desbravá-lo. Por outro lado, assistindo o Rubem Alves que faleceu ontem, o ouvi falando que o que nos dá sentido e significado é o que está à nossa volta. O que temos de mais perto. Como a cebola. Não temos como ser o centro da cebola e querer atingir a camada mais externa sem passar pelas camadas do meio. Por isso manuseamos, lidamos, convivemos, pensamos e repensamos sobre o que está mais próximo. Para depois tentar ir além. Lembrei dos meus desejos malucos de ir mundo afora sem ter hora para voltar. Sem ter passagem de volta. Por outro lado parei para pensar num mundo todo desconhecido que existe e ainda está perto de mim.
Lembrei do Horton e pensei nas tantas coisas que estão perto e tantos mundos, e, no entanto, não enxergamos nem ouvimos.

Esse mundo ainda tem muita coisa para eu conhecer. E não são pontos turísticos. São pontos humanos. Feito de gente e de natureza. Cultura de gente. Modos de pensar de gente. Tenho medo de querer saber tanto do mundo e acabar aqui, me distraindo com porcarias inúteis que me tomam tempo de felicidade. E desperdiçam energia. Não fosse a preguiça eu seria muito mais curiosa do que sou.

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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Contradições

Vivemos num sistema global tão milimetricamente medido, que nenhum país pode dançar uma música diferente da ordem. Soberania nacional não tem sentido, é um conceito líquido nos dias de hoje. Um país só não faz primavera. Impulsiona outros a levantarem-se. Mas são engolidos em pouco tempo novamente.
Os últimos conflitos internacionais só nos mostram o que a história da humanidade mostrou até hoje quando privilégios dos grandes estão em disputa: o sangue que derrama é da classe trabalhadora.
Até aqui tudo óbvio.
E se fosse o Brasil?
Se a pessoa não defender guerra civil e derramamento de sangue em troca da tentativa de romper turbilhões de amarras capitalistas ela se torna uma petista de direita? Não entendo isso. Tem como ser democrático e republicano optando pelo rompimento brusco com o capital? Existe um só lugar que isso tenha dado certo em dado território da noite pro dia?
Para a direita, o governo brasileiro é de esquerdistas terroristas.
Para alguns setores da dita esquerda, é de direita e vendido.
E para todos que discursam sobre rompimentos com o capital, eu perguntaria: estão preparados para lutar na base da força física? Quem será que venceria no meio da rua, eu, minhas ideias, meu discurso e meu senso de humanidade, ou uma bazuca norteamericana?
Teríamos nós, brasileiros iluminados, formas de não acabar como qualquer outro país que desafia o capitalismo norteamericano, sem derramar mais sangue do que já vemos dia e noite através da violência do capital?
Não sei.
Mas é preciso solidarizar-se com outros países tendo sua economia e a tal "soberania" ameaçadas, com a mesma capacidade de olhar para o próprio país. E parar de achar que as políticas dos vizinhos são sempre mais românticas. Setores da esquerda apaixonados pela Venezuela, e odiosos ao Brasil. Tem algum sentido? O Governo da Venezuela rompeu com o capital? Não. Mas tomou decisões políticas favoráveis ao povo, criando políticas públicas com verbas para a educação. Isso é bom. Só que o Brasil criou e destina muito mais. Mas aqui é feio. Aqui não se rompe com o capital! Essa linha de raciocínio ainda não encaixa na minha cabeça.
Porque contradições, todos os governos estão tendo. A pergunta é, o que nós queremos? Se o problema for esse, romper com o capital é fácil. O PT ganharia troféu de honra ao mérito por setores da esquerda. Mas e o depois? De quem se tornará a responsabilidade pela guerra? A Dilma?
Sim, guerra. De soldadinho e tudo.
Ah, virei conservadora? Não, só estou de saco cheio de discurso esquizofrênico. Nos outros países tudo é lindo. Até gente morrendo em nome da pátria, é lindo. No Brasil nada serve...
Desafio para quem concorda que nosso sistema econômico mundial é violento e desigual, responda:
- Como romper com o capital baseado em princípios democráticos garantindo a integridade social?
Quem souber, pode ganhar o cargo de presidente da república. Eu não sei.

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