Uma vida é muito pouco
Março
até julho de 2015 foram os meses da preguiça.
Nunca
fui tão preguiçosa.
Até
para atividades físicas, embora tenha feito muitas, relaxei perante o que havia
planejado.
Nunca
fui tão preguiçosa.
Aliás,
já fui, quando era adolescente. Adolescente eu era capaz de dormir doze horas
sem acordar. E ainda sentir sono.
Não
sei que relação pode ter, mas pela primeira vez na minha vida meus exames médicos
acusaram falta de vitamina B12. Vou culpar a minha química pela minha preguiça
e falta de iniciativa intelectual.
Sinto
que isso tudo vai mudar, que vou voltar a ser eu mesma bem em breve. Hoje tive um
estalo, parece que reacendeu uma chama que sempre me pertenceu. Parece que do
nada meu estímulo começou a voltar.
Me
lembrei de tudo que já fiz ao mesmo tempo na vida e pensei que jamais estive tão
paradona.
Foi
aí que me lembrei dos meus ímpetos de querer saber sempre mais. O que me moveu
foi eternamente a curiosidade. Sempre quis saber como funciona toda a
engrenagem de tudo. Da música, passando pela política, pelos esportes, pela
economia até a poesia. E agora estou aqui, como quem está “de molho” na
curiosidade.
Sempre
pensei que havia muito pouco tempo na vida para se saber tudo que poderíamos. E
sempre tive certeza que jamais saberemos tudo, mas que quanto mais soubéssemos
mais felizes seríamos. Afinal, meu ímpeto de vida sempre se baseou nessa
vontade curiosa incessante. Em alguns momentos da vida sempre sinto que me ligo
em coisas diferentes. E assim me sinto mais plena. Por exemplo: minha mãe
sempre me ensinou sobre alguns bichinhos, sobre como funcionam algumas plantas.
Jamais eu pensaria o quanto me faria feliz plantar um cactos ou criar mudas de
folhagens e flores. Mas para isso precisa de técnica. Nossa, esse ano descobri
altas técnicas. Aprendi também nos últimos tempos, muito mais sobre vento e marés
do que a minha vida toda. Apesar da preguiça.
Aprendi,
apesar da preguiça.
Em
outros momentos da vida estive ultra ligada em tudo que fosse poético. E tudo realmente virava poesia.
Tive meu tempo da filosofia. Tudo era baseado na filosofia mais clássica possível. Até conhecer a Genealogia da Moral e me dar conta que as palavras fazem diferença sim. Inclusive que a decisão das mulheres de chamar a Dilma de presidentA faz sentido para quem se importa com política.
Tive meu tempo da filosofia. Tudo era baseado na filosofia mais clássica possível. Até conhecer a Genealogia da Moral e me dar conta que as palavras fazem diferença sim. Inclusive que a decisão das mulheres de chamar a Dilma de presidentA faz sentido para quem se importa com política.
Teve
um tempo que a minha vida fez sentido estudando economia. Nossa, tudo fazia
sentido. E ao mesmo tempo nada fazia sentido. Mas aquilo me completava.
Em
outros momentos fui tomada pela psicologia de Freud. E tudo tinha o Freud no
meio.
E
o que aprendi com o Reiki então? Jamais pensei que saberia coisas básicas como
o alinhamento dos Chakras e o poder da energia concentrado nas mãos. Foi quando
não me imaginava conhecendo mais das ciências médicas ou da física, que aprendi
muito sobre corpo humano e sobre forças energéticas vitais.
Já
estive fã da física quântica, mesmo sabendo muito pouco. Aliás, era saber muito
pouco que me fazia tão feliz. Porque parecia que no meio daquela maluquice tudo
fazia sentido ainda que nem tudo pudesse ser observado.
Método
de pesquisa. Teve um tempo que método de pesquisa era quase como quem descobre
como se deve viver. Ainda que possa parecer “quadrado” eu dizer isso, estudar método
de pesquisa e perceber que muitos realmente praticam o que teorizam, fizeram-me
ver que método de pesquisa é coisa séria. Que não se blefa, que não se brinca.
Ciência
política. Jamais pensei. Achei que estava no sangue de cada um o envolvimento
político e a incapacidade de ver atrocidades e não sentir nada. Que nada! Foi
me afastando um pouco da organicidade política que descobri que muita gente não
está nem aí para nada. Só repetem igual papagaios o que gente raivosa diz, e não
entende bulhufas sequer como funciona a estrutura dos poderes públicos. Imagina
então se vão se esforçar para entender como funciona a estrutura eleitoral. Piorou.
Percebi que meu envolvimento orgânico partidário me ensinou a perceber muita
coisa. E jamais pensei, mas me ensinou a desenvolver uma coisa chamada
disciplina de organização. Pensei que sociedade adulta do “mundo lá fora”
soubesse minimamente se organizar. E pensei que um partido político era uma
bagunça. Que nada! O mundo lá fora é uma bagunça e o partido político é
organizado. Ao menos dentro de uma estrutura partidária a gente aprende a
esperar nossa vez de falar. Aprende a contemplar as diferenças. Minimamente,
respeitar. O partido é uma escola. E uma escola é uma escola para muitas
coisas. Mas sinto que nem sempre temos guardada nossa vez de falar e muitas
vezes impera a imposição de crenças independentemente das diferenças entre
milhares de cabeças, entre milhares de sentenças. Mesmo assim, aprendi bilhões de outras coisas. Especialmente no convívio humano. Especialmente da ordem das humanidades. E também das desumanidades. Que são irmãs gêmeas, que andam lado a lado, que são constantes e que nos desenvolvem turbilhões de sentimentos e sensações. Uma doideira só. Quem é professor e liga o botão do aprendizado "mecânico" não sabe o que está perdendo. Um sindicato também é uma
escola de organização. Esse ainda não participei. Sinceramente, apoio todo
movimento sindical, mas não estou com ânimo de participar dele num horizonte de
muitos anos. Talvez seja porque estou envolvida com a política desde que me
conheço por gente. E agora dei um “break” para saber mais sobre outras
aprendizagens. E também porque preciso terminar minha tese. Só eu posso fazer
isso por mim.
Uma vida é muito pouco tempo para conhecer todos os sabores de comida. Todos os temperos. Uma vida é muito pouco para saber quais profissões seriam legais. Uma vida é muito pouco para saber diversas emoções, adrenalinas possíveis, lugares mágicos de se morar. Quanto tempo da vida será que passamos pensando nas escolhas que tomamos? No destino se fosse por outro caminho? Enfim, seja a escolha que fizermos, que sejamos capazes de aproveitar aquele momento.
E
nisso tudo fico pensando: como é que a gente é capaz de aproveitar melhor nosso
tempo sabendo mais coisas e tendo acesso à mais coisas? Já pensou que maluco
todos poderem viajar pelo mundo? E as pessoas que não têm todo aquele dinheiro? Mereciam não conhecer mais coisas do que as que têm? Claro que não! Existe aprendizagem melhor que a prática? Que
observar, que tocar? Que aprender brincando?
Enfim, sinto reacendendo aquela minha energia vital de ter
curiosidade. Das mais singelas às mais complexas. Obrigada, B12!!! Não sei se é
a vitamina ou se é um semestre que inicia, mas sinto minha energia voltando pro
eixo de onde nunca deveria ter saído!
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