sábado, 18 de dezembro de 2010

Sinalizando avanços importantes

A esquerda mundial, diante de diversos processos de participação já experimentados no globo, aprendeu muito com as experiências petistas de Porto Alegre. De uma conjuntura política autoritarista no período da Ditadura Militar no Brasil, Porto Alegre nasce como um foco de práxis transformadora na medida em que materializou o que seria o pontapé inicial para uma democracia participativa. Mostrou ao resto do mundo que é possível elevar a qualidade política através da participação popular. Obviamente, que, como qualquer outro processo, aparecem contradições, avanços, retrocessos, e diversificadas situações que talvez não estivessem previstas na sua constituição enquanto política pública. No saldo final, ensinou ao mundo que é possível trabalhar educação com política e alertar para a necessidade de um Estado transparente que envolva a capacidade crítica e associativa de seus cidadãos. O que estava por trás do Orçamento Participativo na experiência petista, nada mais era do que uma intencionalidade ideológica de envolver pessoas e tornar o que é público, público de fato. Desmontar estas experiências na lógica da ideologia hegemônica dominante, apresentou-se de certo ponto, de modo fácil. A perda substancial da importância do OP em Porto Alegre, e talvez em demais localidades, ao eleger projetos de direita, ou de “centro-direita”, mostrou mais uma vez a importância da conquista do Estado, não apenas nas suas instâncias de participação, mas como eixo político fundamental através do processo eleitoral. Alternativas para mudar questões como consciência de classe ou processos contra-hegemônicos, estão nos movimentos sociais e na disputa partidária pelo Estado. Embora seja forte a crítica a respeito da conquista deste atual Estado burguês, abrir mão dele neste período histórico simboliza retrocesso nas lutas orientadas até aqui. Não enxergo hoje, uma alternativa ao combate das estruturas do Estado burguês, sem ser através dele próprio. A não ser, é claro, que se rompa com a lógica de forma radical, experiências tais, que a história mundial nos mostrou sua potencialidade para não dar muito certo no final. O processo democrático em que a experiência de Porto Alegre atenta, significa repensar metodologias, ressignificar o período histórico, e mais uma vez reforçar que não somos todos iguais de fato. A esquerda e a direita não se confundem, e, portanto, discursar em torno de um movimento em que “todo mundo se misturou”, demonstra, no mínimo, incapacidade dialética de perceber o momento em que estamos vivendo. Muito embora existam ramos da esquerda que de fato nos confundem. Em torno destas colocações, trabalhar um momento participativo de orçamento público junto à estrutura do governo federal, tem hoje campo e momento histórico ideal para entrar em ação. Aguardaremos sinais de seu planejamento e execução.

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domingo, 5 de dezembro de 2010

O medo do outro



A fúria gratuita, a ira desgovernada, a violência incontida e a intolerância àquilo que lhe é desconhecido, pode matar. Pessoas no Brasil ainda vivem na externalização da incompreensão ao desconhecido, através da violência. Alguns ensinam a violência verbal, e outros, executam a violência física de fato. O preconceito que mata e agride homossexuais não afeta apenas os jovens instigados desde crianças a odiar aquilo que não conhecem. O preconceito que se vê dentro das casas, nas escolas e nas ruas, não se trata de brincadeirinha que é jogada ao vento e se perde como partículas no ar. O preconceito do mundo adulto que educa (ou melhor – deseduca) pessoas a odiar outras, não é uma simples piadinha de porta de banheiro ou conto engraçadinho de uma conversa de bar. Este preconceito que agride pessoas, que corta, que arde, que bate, que dói, que sangra, não é uma bobagenzinha que as pessoas esqueçam. A piada, o conto, a ironia e a subestimação são elementos trágicos para a sociedade atual que acabam gerando crianças e adolescentes presenteados por uma raiva daquilo que desconhecem, sem ao menos entender o que acontece. A palavra preconceito anuncia aquilo que imaginamos ser algo. Porém não sabemos o que é de fato. E de tantos pré-conceitos, pessoas que expressam suas formas de amor de forma lícita e autêntica, são categorizadas sempre de modo negativo pelo vácuo de conhecimento daquele “monstro” desconhecido. E o que se faz quando algo é desconhecido? Inferioriza-se, agride-se, detona-se, toma por inimigo. Não vou nem entrar no mérito de possíveis explicações freudianas perante estas raivas. Mas o fato é que a sociedade teme ao outro. Teme ao diferente de si próprio. Ouso dizer, que alguns temem à liberdade. Porém, também ouso dizer que estamos evoluindo. Em lentos passos, a intolerância ao desconhecido vai se perdendo perante a superioridade das gerações vindouras, da coexistência entre os diferentes e da diminuição da carga pesada que alguns descarregam nas inocentes mentes de nossas crianças, que sequer entendem de onde nascem tantos ódios. Num piscar de olhos, pequeninos inocentes reproduzem apelidos homofóbicos e na maioria das vezes, não sabem sequer o que estão falando, só sabem que ouviram em algum lugar e é para xingar alguém. Num piscar de olhos, adolescentes aparecem soqueando outros. E neste instante, então, o mundo dos adultos "gênios" aparece para culpabilizar pequeninos e falar em bullying...

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