sexta-feira, 6 de maio de 2011

O Brasil da diversidade


por Amon Costa Historiador e Presidente da FUNDARC - Gravataí

O Brasil foi historicamente governado por uma elite que instituía sua moral aos demais sujeitos da sociedade, impondo suas crenças, credos e costumes. Há mais de 500 anos aqueles que sempre foram os oprimidos da sociedade ficaram a margem de decisões políticas e sociais que poderiam melhorar suas vidas. O Brasil vive hoje um marco histórico resultante de inúmeros processos de luta, de resistência, de bravura e de embate, tanto na vida dos oprimidos e da classe trabalhadora, quanto na sua forma de organização e relações entre si. Elegemos, entre um período historicamente curto de tempo, o primeiro homem operário oriundo da categoria mais pobre que existe no Brasil, o ex-presidente Lula. Em seguida, elegemos a primeira mulher presidenta da história deste país, torturada nos calabouços da ditadura militar, foco de preconceito e discriminações diversas, a presidenta Dilma. Num efeito histórico dos rumos do país, da forma de governar e
das relações de respeito com os movimentos sociais, o Brasil aprova numa instância máxima, o direito de família dos casais homoafetivos. Com isso, não foi aprovado apenas um marco legal. Com isto se sinaliza também, que o poder do Estado enquanto instituição regulamentadora de direitos da sociedade, encontra-se num cenário político que vem acompanhando as mudanças na sociedade e a busca pela dignidade humana em todas as suas esferas. Esta conquista não é um presente do STF. Esta conquista é fruto de décadas de lutas sociais dos homossexuais pelos seus direitos perante a vida. Esta conquista movimenta também, novas formas de relacionamentos entre pessoas, novas reflexões sobre respeito e dignidade e novas concepções de como atingirmos a emancipação humana de fato. É inadmissível que ainda aconteçam crimes contra a sexualidade das pessoas, das crianças, de jovens e adolescentes alvos de violência, de preconceitos
múltiplos que resultam em agressões, em derramamento de sangue, em falta de assistência, em intolerância, em medo, em crueldade. A cidade de Gravataí contribuiu e vem contribuindo em nível local, na medida em que pauta o tema da Diversidade Sexual através do Fórum Permanente na Fundarc, dialoga sobre o assunto, traz visibilidade e institui Lei Municipal da então vereadora Rita Sanco contra o preconceito aos homossexuais em estabelecimentos diversos, etc. De fato e de direito vivemos em um novo Brasil, os movimentos feitos em cada canto deste país, sejam ações de governo, sejam dos movimentos sociais, sejam nas lutas e enfrentamentos das pessoas no seu cotidiano, contribuíram num efeito positivo sintetizado no STF na tarde de ontem. O dia 5 de maio de 2011 será lembrado acima de tudo, como um marco legal em favor do respeito, da dignidade e da felicidade. Parabéns para todos e todas que lutam “aqui e agora” por um mundo melhor.

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segunda-feira, 2 de maio de 2011

O invisível Dia Internacional do Trabalhador


Domingo foi primeiro de maio. Houve um tempo em que a mídia de massas veiculava ações que aconteciam em todo o mundo. Noticiava meio contrariada, mas fazia. O Fantástico deste domingo se superou. Em nome do capitalismo que a sustenta, a Globo não noticiou sequer a “menção” da referida data. Tenho convicção que se ontem tivesse sido o dia internacional do beijo, ou do cunhado, ou do uso de chapéu, talvez tivessem produzido alguma materiazinha divertida sobre o tema. A ideologia dominante se organiza através da tese de que a luta dos trabalhadores e trabalhadoras foi superada. Vivemos em um “suposto” novo tempo em que lutas sociais em torno do trabalho e do trabalhador caíram de moda e fazemos parte de uma nova realidade com especificidades tais, que, falar em luta de classes é coisa de dinossauro. Para cima de mim? Ah, essa não. Enquanto homens e mulheres seguirem morrendo em seus trabalhos e a caminho deles, seguirem tendo partes dos seus corpos mutilados, seguirem tendo lesões diversas em funções de seus esforços, seguirem vendendo suas forças de trabalho cada vez mais violentamente com cada vez menos direitos, falar em luta de trabalhadores não sai de moda. E não apenas por isso. Não sai de moda, pois o capitalismo não saiu de moda, o lucro das empresas não saiu de moda, a exploração do humano pelo humano não saiu de moda, a sociedade ocidental dividida em classes, não saiu de moda. O corpo e a vida humana ainda tem preço. Uns custam muito, pois tem posições na sociedade com maior destaque. Outros são mais baratos, pois são trabalhadores, pobres ou miseráveis. Grandes corporações da construção civil contabilizam em seu planejamento custos com mortes de funcionários; a cada dia morre no Brasil um número absurdo de motoqueiros que trabalham contra o relógio em nome da velocidade do capitalismo; trabalhadores de grandes indústrias perdem pedaços de dedos e das mãos a cada mês no mundo; e por aí poderíamos citar mil exemplos. Quem achar exagero sugiro uma visita ao Hospital Cristo Redentor. Basta ficar meia hora na recepção e ver a quantidade de casos de acidentes de trabalho que baixam hospital. O dia em que um desses for o “dono” ou o “sócio” da grande empresa, talvez seja um sinal efetivamente de novos tempos... Se prestarmos atenção, a classe dominante morre de “causas naturais” ou no limite, acidentes de trânsito. Essas coisas são “dinossáuricas”, foram superadas ou não existem mais? Errado. Isso é o que sustenta o capitalismo: a exploração do trabalho de homens e mulheres. Essas pessoas que movem o mundo, não receberam nenhuma menção na noite da “família brasileira” que assiste ao Fantástico. Isso que não vou nem entrar no mérito da discussão sobre o quanto ganha um trabalhador e o quanto ganha o seu “patrão”. Este debate na luta de classes, daria um outro texto. Mas, ironicamente, algumas instituições que tentam vender a ideia de que “a luta de trabalhadores e trabalhadoras já morreu”, não citaram sequer meia frase neste dia “normal” de domingo.
Foto: Sebastião Salgado

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quinta-feira, 17 de março de 2011

Palavras apenas, palavras pequenas, palavras ao vento.


Levar a vida numa light. Às vezes não dá. Mas sigo tendo desejos para que possa. Transformar o que é rocha em folhas, o que é grito em som, o que é ruído em tom. Hoje estou num momento bem autoajuda, fazer o quê, não tenho vícios graves além de gostar bastante de comer, então acho que estou no meu direito de largar esses papinhos de leveza e suavidade.
A vida pode ser colorida. Não precisa ser cinzenta. Ainda não virei budista mas a ideia do movimento e das boas ações que geram boas ações e assim por diante me agradam. Difícil é executá-las. Mas sigo tentando. Dá para acreditar que o mundo pode ser melhor e que pessoas e grupos diversos de todos os lugares do mundo não necessitem subjugar outros. Eu preciso acreditar nisso e seguir na linha da leveza construtiva.
Agora largando o papinho quase “religioso”, é preciso fazer uma ressalva: de nada adianta acreditar nisso e não ter métodos para práticas sociais, sejam elas quais forem. Por isso me sinto bem no meio que me meti. Na política. Não me enxergo fora dela, ainda que um dia vá para outros rumos, ela caminhará lado a lado na minha vida.
Inocência minha ou não, pouco importa como classifiquem isso em mim, mas minha crença de que somos seres solidários e bons segue de pé. Freireanamente, somos seres inacabados, educamos e somos educados cotidianamente. Essa é a grande luta. Mas para qual educação? Ah saudade de devanear no meu blog...
Eu gosto de ser assim. Às vezes me irrito, nem sempre consigo, mas tento.
Sobre este assunto, um salve salve para a minha mãe Rose. Sem esse lado dela, eu nada seria. Minha mãe é a melhor mãe do mundo. Nunca me cansei de dizer isso quando era criança e acho que agora adulta e cheia de coisa para fazer digo pouco ou quase nunca. A humanidade da minha mãe me atinge fundo o coração. Se não fosse ela passaria pelos meninos pedindo dinheiro no sinal e ainda reproduziria um comentário pequeno-burguês senso comum qualquer. Se não fosse ela não acreditaria tanto na força do amor. Falar em amor parece papo de CLJ, mas na boa, sem o amor dela eu nada seria. O amor que ela me deu e as coisas que me ensinou não são melancolias de novela das oito. São coisas humanamente sérias, comprometidas e sinceras. Não é um amor simplesmente amor, comercial de margarina. É um amor revolucionário, um amor cheio de formas, métodos e conteúdo.
Tá, podem avacalhar meu momento brega de menina, mas os patinhos sempre me comoveram, já passei duas vezes por uma família de pata e patinhos atravessando a freeway, onde todos os carros desviavam para não chacinar a família toda, e desde então me tornei fã desses bichos...
Caminhando e cantando e seguindo a canção...

Eu sei que isso não é um pato... ehehheheheheheheh

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sábado, 22 de janeiro de 2011

Marquinhas

Não sei quantas serão, mas só sei que estou com marquinhas dessa fase tão diferente da vida...
Não tem nada a ver com marquinha de biquini... é marquinha de dor mesmo.
Minha mão tá cheia de algodão e esparadrapo, para amortecer o contato entre meu punho e o computador... pois já estava dando calo.
Meu tendão do ombro que me dá todo o movimento do braço direito está criando outro calo, tô sem força no braço. Esses dias fui abrir uma janela e perdi a força do braço, não consegui. Preciso descansarrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr e sair da frente do word...
Por outro lado, é um momento inédito na vida, nunca exercitei tanto meu raciocínio. Putz escrever te obriga a raciocinar de uma forma jamais vista... e aí a gente se dá conta que para raciocinar é preciso fazer escolhas. Não há raciocínio espontâneo. Todos são fruto de alguma forma de pensar. Nas formas que conheci até hoje, Marx e Gramsci são os que estão me ensinando.
Minha sorte é que encontrei um óculos velho perdido no armário também velho, senão teria agora marcas nos olhos também.
Minha canela tá inchada de ficar sentada o dia inteiro.
Preciso descansar, mas mesmo assim me sinto feliz. Feliz por estar fazendo isso e feliz por ter passado tanta coisa boa naquela Ufrgs. Não me imagino mais sem ter contato de lá, sem falar com os professores, os colegas, sem estar sempre aprendendo cada vez mais e observando sempre a realidade dada. Me encanta! E não enjoa... pelo contrário, me anima! Não sei o que seria de mim se perdesse aqueles momentos quase "religiosos", pois meu culto é aquele, nenhum outro.

E agora, vou voltar ao word... revisa revisa revisa e sempre tem um monte de coisa que foge dos olhos e do pensamento e revisa revisa revisa revisa de novo.

Para ajudar, sempre tem gente que dá uma força também. Meu querido irmão é uma dessas pessoas. Acaba de ligar o som no volume máximo, e tá entrando direto aqui dentro da sala que eu estou. Até parece que não sabe que eu sou de escorpião e acabo me vingando depois...

Escrever é isso... além de tentar raciocinar - que já é uma coisa complicada - acontecem entraves durante estas tentativas... se não é o som lá do quarto dele, é o celular tocando, é a filha pedindo lanche, é um entra e sai de carro aqui no final do beco, é a máquina de cortar grama lá na rua, é a chuva que cai e eu tenho que correr pro varal recolher a roupa, é a comida que tem que fazer pro pai, aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Escrevo isso ao som de "nego drama" do Mano Brown que sai de lá do quarto...

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sábado, 18 de dezembro de 2010

Sinalizando avanços importantes

A esquerda mundial, diante de diversos processos de participação já experimentados no globo, aprendeu muito com as experiências petistas de Porto Alegre. De uma conjuntura política autoritarista no período da Ditadura Militar no Brasil, Porto Alegre nasce como um foco de práxis transformadora na medida em que materializou o que seria o pontapé inicial para uma democracia participativa. Mostrou ao resto do mundo que é possível elevar a qualidade política através da participação popular. Obviamente, que, como qualquer outro processo, aparecem contradições, avanços, retrocessos, e diversificadas situações que talvez não estivessem previstas na sua constituição enquanto política pública. No saldo final, ensinou ao mundo que é possível trabalhar educação com política e alertar para a necessidade de um Estado transparente que envolva a capacidade crítica e associativa de seus cidadãos. O que estava por trás do Orçamento Participativo na experiência petista, nada mais era do que uma intencionalidade ideológica de envolver pessoas e tornar o que é público, público de fato. Desmontar estas experiências na lógica da ideologia hegemônica dominante, apresentou-se de certo ponto, de modo fácil. A perda substancial da importância do OP em Porto Alegre, e talvez em demais localidades, ao eleger projetos de direita, ou de “centro-direita”, mostrou mais uma vez a importância da conquista do Estado, não apenas nas suas instâncias de participação, mas como eixo político fundamental através do processo eleitoral. Alternativas para mudar questões como consciência de classe ou processos contra-hegemônicos, estão nos movimentos sociais e na disputa partidária pelo Estado. Embora seja forte a crítica a respeito da conquista deste atual Estado burguês, abrir mão dele neste período histórico simboliza retrocesso nas lutas orientadas até aqui. Não enxergo hoje, uma alternativa ao combate das estruturas do Estado burguês, sem ser através dele próprio. A não ser, é claro, que se rompa com a lógica de forma radical, experiências tais, que a história mundial nos mostrou sua potencialidade para não dar muito certo no final. O processo democrático em que a experiência de Porto Alegre atenta, significa repensar metodologias, ressignificar o período histórico, e mais uma vez reforçar que não somos todos iguais de fato. A esquerda e a direita não se confundem, e, portanto, discursar em torno de um movimento em que “todo mundo se misturou”, demonstra, no mínimo, incapacidade dialética de perceber o momento em que estamos vivendo. Muito embora existam ramos da esquerda que de fato nos confundem. Em torno destas colocações, trabalhar um momento participativo de orçamento público junto à estrutura do governo federal, tem hoje campo e momento histórico ideal para entrar em ação. Aguardaremos sinais de seu planejamento e execução.

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domingo, 5 de dezembro de 2010

O medo do outro



A fúria gratuita, a ira desgovernada, a violência incontida e a intolerância àquilo que lhe é desconhecido, pode matar. Pessoas no Brasil ainda vivem na externalização da incompreensão ao desconhecido, através da violência. Alguns ensinam a violência verbal, e outros, executam a violência física de fato. O preconceito que mata e agride homossexuais não afeta apenas os jovens instigados desde crianças a odiar aquilo que não conhecem. O preconceito que se vê dentro das casas, nas escolas e nas ruas, não se trata de brincadeirinha que é jogada ao vento e se perde como partículas no ar. O preconceito do mundo adulto que educa (ou melhor – deseduca) pessoas a odiar outras, não é uma simples piadinha de porta de banheiro ou conto engraçadinho de uma conversa de bar. Este preconceito que agride pessoas, que corta, que arde, que bate, que dói, que sangra, não é uma bobagenzinha que as pessoas esqueçam. A piada, o conto, a ironia e a subestimação são elementos trágicos para a sociedade atual que acabam gerando crianças e adolescentes presenteados por uma raiva daquilo que desconhecem, sem ao menos entender o que acontece. A palavra preconceito anuncia aquilo que imaginamos ser algo. Porém não sabemos o que é de fato. E de tantos pré-conceitos, pessoas que expressam suas formas de amor de forma lícita e autêntica, são categorizadas sempre de modo negativo pelo vácuo de conhecimento daquele “monstro” desconhecido. E o que se faz quando algo é desconhecido? Inferioriza-se, agride-se, detona-se, toma por inimigo. Não vou nem entrar no mérito de possíveis explicações freudianas perante estas raivas. Mas o fato é que a sociedade teme ao outro. Teme ao diferente de si próprio. Ouso dizer, que alguns temem à liberdade. Porém, também ouso dizer que estamos evoluindo. Em lentos passos, a intolerância ao desconhecido vai se perdendo perante a superioridade das gerações vindouras, da coexistência entre os diferentes e da diminuição da carga pesada que alguns descarregam nas inocentes mentes de nossas crianças, que sequer entendem de onde nascem tantos ódios. Num piscar de olhos, pequeninos inocentes reproduzem apelidos homofóbicos e na maioria das vezes, não sabem sequer o que estão falando, só sabem que ouviram em algum lugar e é para xingar alguém. Num piscar de olhos, adolescentes aparecem soqueando outros. E neste instante, então, o mundo dos adultos "gênios" aparece para culpabilizar pequeninos e falar em bullying...

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dogs and peoples...


Reparem bem nesta imagem... é Tinker, de 3 meses, a filha da minha filha, mais precisamente minha neta de pelos...

Estava roendo um possível crime irremediável... eis que eu pego na tampinha e ela faz essa cara...

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